“CUMPRINDO NOSSAS OBRIGAÇÕES DIANTE DE DEUS”
ADMEP
Assembleia de Deus Ministério
Estudando a Palavra
Aluno: Luiz Afonso
Dia 01/12/13
Lição 10
“CUMPRINDO
NOSSAS OBRIGAÇÕES DIANTE DE DEUS”
INTRODUÇÃO: - Agora Salomão, no
capítulo 5 de Eclesiastes, falará sobre a adoração em um contexto em que se
contrastam a obrigação e a devoção. Como devotos temos direitos, mas também
possuímos deveres. E essas obrigações não se limitarão apenas ao mundo
religioso, mas também ao universo político-social. Eclesiastes mostrará que
essas obrigações serão melhores compreendidas quando vistas à luz dos os
atributos de Deus, tais como: Santidade, trans Nos capítulos 1— 4 do livro de
Eclesiastes, Salomão já havia tratado praticamente de tudo aquilo que acontece
“debaixo do sol”. Ele mostrou que o conhecimento sem o temor de Deus não é
sabedoria, mas estultice. Da mesma forma ele mostra que a busca pelo prazer e
lazer pode ser simplesmente correr “atrás do vento”, se não tiverem como fim
último a adoração a Deus. Dentro ainda dessa perspectiva, a aquisição de muitos
bens ou posses pode transformar um pobre em um rico, mas não em alguém
próspero. Por último ele mostrou que o trabalho sem a visão de Deus como fim
último é mero ativismo tendência e imanência.
Neste capítulo darei maior destaque a uma prática que
é muito comum entre os pentecostais — a prática de se fazer um “voto” ou
propósito em prol de determinada causa. Fiz isso também porque esse parece ser
o assunto que recebe maior destaque por parte de Salomão em Eclesiastes 5.1-6.
OBRIGAÇÕES VERSUS
DEVOÇÃO
Obrigações de Natureza Político-Social
Há uma máxima que
diz: “Primeiro a obrigação depois a devoção”. Esse dualismo, que separa
obrigação da devoção como se fossem duas dimensões totalmente distintas não é
bíblico. A Escritura orienta-nos a priorizarmos o Reino de Deus (Mt 6.33), mas
sem perdermos de vista a dimensão material da qual fazemos parte (Mt 22.21).
Neste aspecto a obrigação deve ocorrer no contexto da devoção e vice-versa.
Eclesiastes também
mantém essa perspectiva — “Eu te digo: observa o mandamento do rei, e isso por
causa do teu juramento feito a Deus”. (Ec 8.2). Há as autoridades constituídas,
e como cidadãos, além de direitos, possuímos também deveres perante elas. São
obrigações com as quais temos compromisso de cumprir. Por exemplo, precisamos
pagar impostos (Rm 13.7), votar e ser votado, etc. Como cristãos não podemos
nos eximir dessas obrigações ou deveres.
Obrigações de Natureza Religiosa e Espiritual
Se
há obrigação político-social, que são de natureza civil, por outro lado, há
também as de natureza religiosa ou espiritual. Elas acontecem na dimensão do
culto, da adoração e são de natureza mais devocional. A essência do culto é a
adoração! De fato a palavra hebraica shachar mantém o sentido de prostrar-se
com deferência diante de um superior (Gn 22.5; Êx 20.5). Salomão em Eclesiastes
5 está com isso em mente quando fala da casa de Deus como o local da adoração
(Ec 5.1). Como construtor do grande Templo, Salomão sabia que aquela casa tinha
como objetivo centralizar o culto e dessa forma proporcionar um dos propósitos
mais sublimes do culto que é o de favorecer a unidade e promover a adoração
verdadeira.
Obrigações Frente a Santidade
de Deus
Reverência
Todo culto possui seu
ritual e sua liturgia. Não há nada de errado nisso. A propósito, a palavra
liturgia aparece associada ao culto na Igreja Primitiva: “Havia na igreja de
Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, por sobrenome Níger, Lúcio de
Cirene, Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao
Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo
para a obra a que os tenho chamado” (At 13.1,2, ARA). A palavra servindo (v.2)
é a tradução do termo grego leitourgeo, de onde vem a palavra portuguesa
liturgia. A liturgia, portanto, também faz parte da adoração.
Salomão sabia disso e
por isso adverte: “Guarda o pé, quando entrares na Casa de Deus” (Ec 5.1).
Desligue o celular, tire o chiclete da boca, seja reverente! Comporte-se como
um verdadeiro adorador! (Jo 4.20-24). Observe a liturgia do culto e não faça
dele um local para interesses meramente pessoais. Infelizmente já presenciei
casos de obreiros abandonarem o culto e até mesmo a mensagem para irem atender
seus celulares! Se isso não é uma blasfêmia, no mínimo é pecado! O culto é um
espaço reservado para a adoração. Não pode se transformar na “casa de mãe
Joana”. É ali onde cultuamos a Deus e prestamos-lhe reverência. Então, por que
não se observar a liturgia do culto? Por que não evitar a movimentação sem fim
dentro da nave do templo? Por que não ensinar as crianças que no templo não é o
local adequado para comer “petiscos”? Por que não desligar o celular em vez de
ficar mandando torpedo para uma outra pessoa? Por que gastar um bom tempo do
culto em intermináveis avisos, se alguns deles podem ser dados até um ano
depois? Por que permitir o uso do púlpito como palanque eleitoral? Por que usar
o púlpito para desabafar? Por que não usar o púlpito única e exclusivamente
para a glória de Deus?
Obediência
A
simples obediência a um conjunto de preceitos, normas e regras, sem atentar
para os princípios que lhes dão fundamentação, é puro legalismo. Não vale a
pena observar o preceito ou norma, é necessário atentar para o princípio por
trás dele. No livro de Eclesiastes isso aparece de forma bem clara: “Guarda o
pé, quando entrares na casa de Deus; Chegar-se para ouvir é melhor do que
oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal” (Ec 5.1). Deus não
está interessado na observância do sacrifício em si, mas na obediência aos
princípios que regulamentam a sua prática. Foi exatamente isso que o profeta
Samuel disse a Saul (1 Sm 15.22).
Obrigações Frente à Transcendência
de Deus
Deus, o Criador
Todas as grandes
religiões possuem noção do sagrado e demonstram temor e respeito diante dEle. A
divindade aparece diante dos adoradores como o totalmente outro. No judaísmo e
também no cristianismo esse conceito é mais elevado ainda, visto existir a
consciência de que esse sagrado trata-se do Deus verdadeiro que se revelou ao
homem ao longo da história. Deus, portanto, é o Criador e se distingue das
coisas criadas (Dt 4.1 5- 20). Na teologia bíblica isso aparece como a doutrina
da transcendência de Deus e é um dos seus atributos. Deus transcende as suas
criaturas, isto é, está acima delas e por isso se distingue delas. Eclesiastes
fala disso: “Deus está nos céus” (Ec 5-2). Deus está lá e você aqui! Deus pode
se humanizar (Jo 1.14), mas o homem não pode se divinizar. Quem procurou ser
igual a Deus foi expulso do céu (Ez 28.1,2; Is 14.12-15).
Homem, a Criatura
O
mesmo texto que diz “Deus está nos céus também diz: “tu estás na terra” (Ec
5.2). Deus está no céu, o homem está na terra! Deus é o Criador, o homem é a
criatura. É uma obrigação nossa saber que Deus é Deus e o homem é homem!
Devemos ter muito cuidado para não nos transformarmos em heróis e super
crentes. Seria bom sempre nos lembrarmos de que estamos aqui “na terra”. E
mais, não apenas estamos aqui, mas somos feitos do mesmo material: “Temos,
porém, este tesouro em vãos de barro, para que a excelência do poder seja de
Deus e não de nós” (2 Co 4.7, veja (1 n 2.7). Não há dúvidas de que essa
conscientização nos levaria a sermos mais cuidadosos com nossas obrigações
diante de Deus.
Obrigações Diante da Imanência
de Deus
Deus Presente — Não Estamos Sozinhos!
O
atributo da imanência divina, mostra-nos que Deus, mesmo não podendo ser
confundido com as suas criaturas, todavia pode se relacionar com elas. Deus
cuida da sua criação. Isso significa que o nosso Deus não é um Deus distante,
que após criar o mundo se ausentou dele! Pelo contrário, Ele é um Deus
presente! No capítulo 5 de Eclesiastes, Salomão está falando do culto a Deus e
mostra como Ele se identifica com o mesmo, aprovando -o ou reprovando-o:
“porque [Deus] não se agrada de tolos” (Ec 5.4). Essa mesma verdade é mostrada
no Novo Testamento (2 Co 6.16). Essa proximidade de Deus deveria nos fazer
melhores crentes, melhores cidadãos.
Deus de Promessas — O
Valor das Orações e Votos
Tudo
o que foi dito antes culminará numa das mais belas verdades bíblicas — Deus não
apenas se faz presente, mas também prometeu nos abençoar atendendo nossas
orações e realizando os nossos desejos. Isso acontecerá quando orarmos de
acordo com sua vontade (Jr 29.12,13; Jo 14.13,14). Os judeus sabiam dessa
verdade e por isso não somente oravam a Deus, como também se empenhavam através
de votos (Nm 30.3-16; Dt 23.21-23). Não há dúvidas de que o livro de
Eclesiastes tem em mente essas passagens bíblicas quando adverte: “Quando a
Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de
tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é que não votes do que votes e não
cumpras”. (Ec 5.4,5, ARA). Em o Novo Testamento não encontramos um preceito
concernente à prática do voto, mas o seu princípio permanece válido. Fazer
compromisso ou propósito diante de Deus e cumpri-los é uma verdade que
ultrapassa gerações.
A Bíblia Contém
Muitas Injunções Sobre a Observância do Voto.
Não deve, portanto, o
voto ser visto como uma barganha. Uma espécie de “toma lá dá cá”. O voto deve
ser feito como uma expressão de devoção piedosa do crente a Deus. O Dr. Clyde
T. Francisco ao se referir ao voto de Jacó, observa que “algumas pessoas têm
criticado este ato como tentativa típica de uma barganha com Deus, mas ele
estava longe disso. Jacó não pediu fama nem riquezas. Tudo o que ele desejou
foi pão e roupa, até poder voltar. Este fato, por si mesmo, nos informa que
essencialmente ele não era uma pessoa egoísta.” A passagem de Gênesis 28.20-22
é a primeira referência bíblica sobre a prática do voto. Mas como bem observou
o rabino Meir Matzliah Melamed, “em todos os tempos tanto na alegria como no
sofrimento o homem sentiu a necessidade de estender seu coração a Deus por meio
de votos e promessas. Mas afinal o que é, portanto, um voto? William Gesenius,
renomado hebraísta, nos dá a definição para a palavra hebraica nadar, traduzida
como “votar”. Gesenius diz que um voto significa: “Prometer voluntariamente
fazer ou dar alguma coisa”. Gesenius ainda observa que a expressão mais
completa nadar neder, é traduzida literalmente e de forma redundante como
“votar um voto” (Jz 11.39; 2 Sm 15.8). O voto, portanto, é uma promessa que
alguém assume perante a divindade. No conceito dado, fica em destaque que
quando alguém quer fazer algum voto, deve fazê-lo voluntariamente. Todos os
intérpretes fazem questão de destacar a voluntariedade do voto. W. Massilink
observa que um voto “significa uma obrigação ou promessa voluntária feita a
Deus”.
De fato a
voluntariedade é um elemento essencial para que um ato se configure como moral.
Em outras palavras, só seremos responsabilizados por aqueles atos que
praticarmos voluntariamente.
No caso do voto bíblico, ninguém era obrigado a fazê-lo.
“Abstendo-te de fazer o voto, não haverá pecado em ti” (Dt 23.22). Por outro
lado, uma vez feito o voto, havia a responsabilidade de cumpri-lo. “Quando
fizeres algum voto ao Senhor, teu Deus, não tardarás em cumpri-lo; porque o
Senhor teu Deus, certamente, o requererá de ti, e em ti haverá pecado” (Dt
23.21); “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não
se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes” (Ec 5.4). Antes de se fazer um
voto é necessário ter consciência do compromisso que estamos assumindo. Poderei
cumprir esse voto? Lembro-me que um irmão me procurou certa vez. Ele
demonstrava estar insatisfeito com o líder da congregação da qual ele fazia
parte. Querendo saber a razão do seu descontentamento, descobri que era algo
relacionado a um voto que ele havia feito. Ele votara a Deus dizendo que se o
Senhor lhe desse vitória em algo que pedira, então em cumprimento do voto feito
realizaria um culto semanal em sua casa. Sempre às terças-feiras. Tendo
alcançado o favor do Senhor, aquele irmão se viu em dificuldades para cumprir
seu voto. O dirigente da congregação disse-lhe, com razão, que ele não deveria
ter feito um voto que dependesse de terceiros para que pudesse ser cumprido. A
igreja tinha a sua própria agenda e não poderia viver em função do voto daquele
irmão. A questão não é, portanto, simplesmente votar, mas o que estamos votando
e de que maneira cumpriremos os nossos votos.
O caso de Jefté é bem
conhecido (Jz 11.30,35-36,39). Os versículos citados deixam claro que Jefté não
tencionava que sua filha fosse o objeto de cumprimento de seu voto precipitado.
“Fez Jefté um voto ao Senhor e disse: Se, com efeito, me entregares os filhos
de Amom nas minhas mãos, quem primeiro da porta da minha casa me sair ao
encontro, voltando eu vitorioso dos filhos de Amom, esse será do Senhor, e eu o
oferecerei em holocausto” (Jz 11.30,31). Todavia a forma vaga e precipitada
como fez o seu voto foi a causa do seu posterior lamento. “Quando a viu, rasgou
as suas vestes e disse: Ah! Filha minha, tu me prostras por completo; tu
passaste a ser a causa da minha calamidade, porquanto fiz voto ao Senhor e não
tornarei atrás (Jz 11.35). Por último, convém observar que de acordo com as
Escrituras não podemos oferecer como voto ao Senhor aquilo que já lhe pertence
ou que por Ele é proibido. Por exemplo: o dízimo já é do Senhor, não poderei
fazer um voto tencionando pagá-lo com ele (Ml 3.10). Aquilo que é fruto de
alguma coisa impura ou abominável também não pode ser objeto de voto (Dt
23.18). O voto, portanto, deve ser visto como uma forma de manifestação da
graça de Deus, e com a qual Ele quer nos abençoar.
CONCLUSÃO: Certo é que muitas coisas valiosas recebemos do culto que prestamos a Deus no seu santuário, pois Deus tem prazer em revelar aos seus filhos. A reunião coletiva dos filhos de Deus é um momento especial que Ele tem, mesmo sendo transcendente, de desfrutar da sua imanência. São nas reuniões que as mentes são penetradas e iluminadas; os corações são alargados, ganham novas concepções e convicções, assentam nos novos propósitos, novos planos, novo entusiasmos, em suma com uma nova dedicação pessoal.
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