“A IMPORTÂNCIA DA SABEDORIA HUMILDE"
ALUNOS DA ADMEP
ADMEP
– ASSEMBLEIA DE DEUS – MINISTÉRIO ESTUDANDO A PALAVRA
EBD - Escola Bíblica Dominical
Departamento de Educação Cristã
Tema
“A IMPORTÂNCIA DA SABEDORIA HUMILDE"
20 de Julho de
2014
TEXTO
ÁUREO
“Não desampares a sabedoria, e ela te guardará; ama-a e ela te conservá"
(Pv 4. 6)
VERDADE
PRÁTICA
A sabedoria que procede de Deus é humilde, por isso, equilibra o crente em todas as circunstâncias da vida.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE:
Tiago 1.5; 3. 13 - 18
Objetivos
§ Descrever – a sabedoria que vem de Deus.
§ Demonstrar – na prática a sabedoria humilde.
§ Compreender – a distinção entre a verdadeira sabedoria e a arrogância.
INTERAÇÃO
A sabedoria do alto gera amor, bondade,
benignidade e humildade. Ela não estimula o crente a tornar-se soberbo ou
arrogante em relação ao próximo, mas nos dá limites. Faz-nos saber até onde
podemos ir. Ainda que elevemos a nossa cultura, a língua e tantos outros
conhecimentos, nós não temos o direito de nos mostrarmos altivos, os donos da
verdade, pois de fato não o somos. A sabedoria do alto nos dá bom senso!
Quantos cheios de sabedoria não mais a demonstram no relacionamento com o
outro? Teoricamente são sábios, mas relacionalmente imaturos. A sabedoria do
alto não gera coração soberbo, mas um coração humilde!
OBJETIVOS:
Descrever - a sabedoria que vem de DEUS.
Demonstrar - na prática a sabedoria humilde.
Compreender - a distinção entre a verdadeira
sabedoria e a arrogante.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, reproduza o quadro abaixo
conforme as suas possibilidades. Para iniciar o primeiro tópico da lição,
juntamente com os seus alunos, complete as duas colunas do esquema sugerido
pedindo-lhes que citem as características de cada coluna respectivamente. Em
seguida, discuta com eles as consequências destas sabedorias no ambiente da
igreja local, da família, da escola, da empresa onde trabalham etc. Conclua a
lição desta semana dizendo que DEUS é bom e dá a sua sabedoria a quem lhe pede.
SABEDORIA DO ALTO
|
SABEDORIA TERRENA
|
1. Humildade
|
1. Arrogância
|
2. Bondade
|
2. Amarga inveja
|
3. Mansidão
|
3. Sentimento faccioso
|
4. Verdade
|
4. Mentira
|
5. Benignidade
|
5. Soberba
|
6. Bom Senso
|
6. Imaturidade
|
7. Altruísta
|
7. Egoísta
|
8. Divina
|
8. Diabólica
|
I. A NECESSIDADE DE PEDIRMOS SABEDORIA A DEUS
(Tg 1.5)
1. A sabedoria que vem de DEUS.
2. DEUS é o doador da sabedoria.
a) O Senhor é que dá sabedoria.
a) O Senhor é que dá sabedoria.
b) O Senhor dá todas as coisas.
c) O Senhor dá a todos os homens.
c) O Senhor dá a todos os homens.
d) O Senhor dá liberalmente.
e) O Senhor dá sem lançar em rosto.
e) O Senhor dá sem lançar em rosto.
3. Peça a DEUS sabedoria.
II. A DEMONSTRAÇÃO PRÁTICA DA SABEDORIA
HUMILDE (Tg 3.13)
1. A sabedoria colocada em prática.
2. A humildade como prática cristã.
3. Obras em mansidão de sabedoria.
III. - O VALOR DA VERDADEIRA SABEDORIA E A ARROGÂNCIA DO SABER CONTENCIOSO (Tg 3.14-18)
1. Administrando a sabedoria.
2. Sabedoria verdadeira e a arrogância do
saber.
3. Atitudes a serem evitadas.
SINOPSE DO TÓPICO (1) - A sabedoria vem de
DEUS. Nós temos a necessidade de pedirmos a Ele, pois o Altíssimo é o doador.
SINOPSE DO TÓPICO (2) - A sabedoria deve ser
colocada em prática como uma ação concreta através da humildade.
SINOPSE DO TÓPICO (3) - O valor da verdadeira
sabedoria reflete a humildade; a arrogância, o orgulho, a soberba e a altivez à
sabedoria terrena e diabólica.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
SWINDOOL, Charles R. Vivendo
Provérbios: Sabedoria divina para os desafios da vida moderna. 1.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.)
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2004.
SAIBA MAIS pela Revista Ensinador Cristão -
CPAD nº 59, p.37.
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO - Diversos Livros
A palavra “sabedoria” tem uma importância
especial para o cristão. Como servos de DEUS, somos chamados por Ele para uma
vida que espelhe decisões e práticas advindas de uma sabedoria espelhada na
sabedoria divina.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras,
Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 35.
O que significa aqui a palavra “sabedoria”,
em grego sophia?
Aqui a Escritura sentencia que, em
decorrência da rebelião do ser humano contra DEUS, o pensamento humano está
“obscurecido” (Rm 1.21; Ef 4.18), porque o pecado se coloca como uma parede de
nuvens entre nós e DEUS. De qualquer modo, nesse aspecto o pensamento
desvinculado de DEUS, autocrático e arbitrário do ser humano encontra-se no
caminho falso (Rm 1.22; 1Co 1.19,27; 1Co 2.14). Não somente o querer da pessoa
natural, mas igualmente seu pensar foi condenado e “cruzado” pela cruz de
JESUS, que na realidade representa o juízo de DEUS sobre nós.
Por nova sabedoria “espiritual”, no entanto,
a Bíblia compreende o reconhecimento concedido e produzido por meio do ESPÍRITO
de DEUS: o reconhecimento daquilo que DEUS faz e do que ele espera que o ser
humano faça (1Co 1.24; 2.6s; 12.8; Ef 1.17; Cl 1.9; Tg 3.13,17).
a) A percepção, a compreensão para aquilo que
DEUS faz. Por meio de JESUS CRISTO, seu Filho, DEUS nos confidenciou
informações acerca de seu plano, seus caminhos e seus alvos (Jo 15.15).
Especialmente 1Co 2 mostra o sublime alvo da sabedoria divina, a nossa glória
(1Co 2.7).
b) Em segundo lugar, na acepção da Escritura
sabedoria significa – algo já assinalado acima – a compreensão
daquilo que DEUS deseja que seja feito por nós, os seus. Por isso, para Tiago
importa principalmente a pergunta: como nós nos comportamos em nosso dia-a-dia,
na colorida mudança da realidade, particularmente nas adversidades, nos
contratempos, nas provas – será de forma agradável a DEUS e de modo a
representar um testemunho de CRISTO também perante nosso entorno, com palavra,
ação e ser?
Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta
De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
I - A NECESSIDADE DE PEDIRMOS SABEDORIA A
DEUS (Tg 1.5)
1. A
sabedoria que vem de DEUS.
Tiago enxerga a sabedoria como sendo uma
necessidade para as pessoas, mas faz questão de mostrar os tipos de sabedoria
que podemos encontrar à nossa volta. E para o apóstolo, mais do que ter, ou
não, sabedoria, é imprescindível saber a quem pedir, é preciso utilizá-la.
Tipos de Sabedoria identificados por Tiago – Maligna,
Humana e Divina.
Quando tratamos da expressão “sabedoria” e de
suas implicações, devemos reconhecer que há pelo menos três tipos de sabedoria:
a maligna, a humana e a divina.
Comecemos pela sabedoria humana, partindo do
pressuposto de que sabedoria pode ser considerada como a capacidade de tomar
decisões de forma correta. O ser humano foi dotado de uma capacidade própria de
demonstrar sabedoria em diversas esferas. Somos capazes de trabalhar e aprender
a guardar recursos financeiros a fim de serem utilizados em ocasiões propícias,
para realizar um sonho, estudar ou fazer uma viagem, mas também podemos
trabalhar e esgotar esses mesmos recursos sem nos preocuparmos de forma
responsável com nosso futuro, mas uma pessoa sábia entende que não conseguirá
formar um patrimônio com aquilo que gasta, e sim com aquilo que consegue
guardar. Uma pessoa pode escolher que tipo de roupa deve usar para uma
determinada ocasião, ou mesmo que caminho usará para chegar a determinado
destino. Esses traços envolvem a capacidade de raciocinar e tomar decisões, o
que sem dúvida requer discernimento. Essas são características da sabedoria
humana.
Satanás tem sua própria sabedoria? Se
observarmos o que Tiago diz quando qualifica a sabedoria que não vem de DEUS,
podemos entender que sim, Satanás tem sua própria sabedoria. É preciso
acrescentar que a expressão sabedoria deve ser entendida como sendo capacidade
de pensar, tomar decisões, influenciar pessoas e agir de acordo com um padrão
conhecido. Satanás pensa sempre em destruir os cristãos e dificultar o trabalho
dos que servem a DEUS? Sim. Ele toma decisões com base nos seus intentos? Sim.
Ele pode influenciar pessoas no mundo todo e agir de uma forma já conhecida?
Sim. Portanto, Tiago não erra quando comenta que a sabedoria que se contrapõe à
sabedoria divina é diabólica. E evidente que Satanás, como criatura, está muito
bem limitado dentro de seus intentos, e que não pode impedir o que DEUS deseja
fazer. Ele não pode exercer sua autoridade sobre qualquer coisa, pois está
limitado pelo poder de DEUS. Apenas DEUS é todo poderoso, e Isaías 43.13 diz:
“Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das
minhas mãos; operando eu, quem impedirá?”. Apesar de Satanás estar limitado por
DEUS, é astucioso para levar a cabo seus intentos, e que não podemos permitir
que tal influência seja a força motriz da nossa forma de pensar e agir.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras,
Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 35-37.
Sabedoria
Carnal, Tg 3.14-16.
A transição para o versículo 14 pode ser
encontrada na ideia da “mansidão” (v. 13). Aqueles que têm amarga inveja e
sentimento faccioso no coração (v. 14) não são humildes. Essa falha indica que
eles não têm a sabedoria de DEUS da qual brota a mansidão. Essa “inveja amarga
e ambição egoísta” (NVI) está em vosso coração — o âmago da pessoa, de onde se
originam as ações (cf. Mt 15.19). Tiago diz: Se você encontrar esse tipo de
espírito, “não se glorie disso e dessa forma esteja em rebeldia e contrário à
Verdade” (NT AmpL). O apóstolo pode estar usando a verdade no seu sentido
costumeiro. No entanto, em vista do significado específico que ele dá a esse
termo em 1.18 e 5.19, ele pode ser entendido como sendo sinônimo da palavra evangelho.
Assim “as pessoas são advertidas contra expressões e ações que contradizem ‘a
fé do nosso Senhor JESUS CRISTO’” (2.1).
Essa [...] sabedoria (v. 15) — o espírito
errado que Tiago descreve no versículo 14 — não vem do alto. Inveja e ambição
egoísta não são os frutos de uma vida cheia de DEUS. Há uma progressão
decrescente na descrição do apóstolo acerca da origem dessas atitudes. Essa
sabedoria é terrena em contraste com a celestial. Ela reflete uma preocupação
com os valores passageiros em vez da preocupação com as coisas de DEUS (cf. Jo
8.23; Fp 3.19). Esse espírito é animal. A KJV traz “sensual” e a ASV traz
“natural” na margem. “O grego é psychikos, que descreve o homem como ele é em
Adão (i.e., ‘natural’) em contraste com pneumatikos (‘espiritual’)”. O termo é,
às vezes, entendido como quase equivalente a “carnal” ou “mundano”.
Tiago alcança o grau máximo na descrição das
atitudes más de egoísmo e discórdia quando as chama de diabólica[s]
(daimoniodes), i.e., procedendo de Satanás e assemelhando-se ao espírito de
demônios.
Paulo declara que “DEUS não é DEUS de
confusão” (1 Co 14.33). Tiago confirma essa verdade ao destacar que onde as
forças satânicas estão agindo, aí há perturbação (v. 16). Inveja e espírito
faccioso confundem o homem que os abriga, até que não consegue mais pensar
claramente, nem agir com inteligência. Esses dois males também corrompem e
confundem todos os relacionamentos, as atitudes e ações dos homens. Phillips
traduz esse versículo da seguinte maneira: “Porque onde você encontrar inveja e
rivalidade, também encontrará desarmonia e todo tipo de mal”.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 179.
1.
Sabedoria
terrena - Tg 3.13-16
O cristão não vive isolado, mas na companhia
de outros, na comunidade em que DEUS o colocou. Essa comunidade é, em primeiro
lugar, a igreja de JESUS CRISTO. Conforme sua vocação, a igreja está no mundo
para fazer brilhar a luz do evangelho.
Para atuar de modo correto em seus
respectivos lugares, o cristão e a igreja precisam de sabedoria e entendimento.
Na parte introdutória de sua epístola, Tiago diz ao leitor como obter
sabedoria: “deve pedir a DEUS, que dá generosamente a todos sem encontrar
culpa, e lhe será dada” (1.5).
Ninguém pode viver sem sabedoria, pois ninguém
deseja ser tolo. Assim, a sabedoria é muito bem guardada por aqueles que a têm
procurado, por aqueles que dela são desprovidos. Tiago, portanto, faz uma
pergunta um tanto direta:
Tg 1.13 Quem de vocês é sábio e tem
entendimento? Que mostre-o através de sua boa vida, de obras realizadas na
humildade que vem da sabedoria.
Tiago se dirige aos membros da igreja. Ele
parte do pressuposto de que eles oram a DEUS pedindo sabedoria, de que possuem
essa virtude e de que o mundo procura neles a liderança. Sabendo, porém, que
esse nem sempre é o caso para os cristãos, Tiago quer que seus leitores
examinem a si mesmos.
a. Exame. “Quem
de vocês é sábio e tem entendimento?” Uma pessoa sábia e entendida demonstra,
naquilo que diz e faz, que possui sabedoria. Não está claro se Tiago deseja
considerar sábios os mestres de sua época. Se é esse o caso, vemos uma ligação
direta entre o começo do capítulo (“não suponham muitos de vocês serem
mestres”, v. 1) e a pergunta retórica apresentada aqui (v. 13).
Ao termo sábio Tiago acrescenta a palavra
entendido. Isso significa que uma pessoa sábia também tem experiência,
conhecimento e habilidade. A sabedoria consiste em se ter visão interior e
capacidade de tirar conclusões corretas. Um antigo provérbio resume esse fato:
“Uma visão do futuro é melhor que uma visão do passado, mas a melhor visão é a
interior”.
Diversas situações provam que pessoas com
conhecimento não são necessariamente sábias, mas quando uma pessoa com
conhecimento tem uma visão interior, ela é, de fato, sábia. Se há entre vocês
alguém sábio e entendido, diz Tiago, que demonstre isso com sua vida.
b. Demonstração. Tiago
incentiva o homem sábio a mostrar, por meio de sua conduta, que recebeu o dom
da sabedoria. “Mostre-o através de sua boa vida”. Tiago parece indicar que,
entre os homens cristãos, sábios e entendidos são uma minoria, pois nem todos
que pertencem à comunidade cristã adquirem sabedoria. Mas os que a têm são
exortados a mostrar, nas palavras e obras, que são, de fato, sábios. Tiago usa
o verbo mostrar com o sentido de “provar”. Que o homem ofereça provas
verdadeiras de que possui sabedoria e entendimento, que confirme esse fato por
meio de sua conduta diária.
O que Tiago quer dizer com a expressão
“condigno proceder”?
Ele se refere a um comportamento nobre e
louvável. É verdade que Tiago enfatiza obras realizadas em mansidão. Contudo,
um homem sábio afirma sua nobre conduta por palavras e obras.
c. Afirmação. “Gestos
falam mais alto do que palavras”. Essa verdade proverbial ressalta a
necessidade de se olhar para as obras de uma pessoa a fim de constatar se elas
condizem com suas palavras.
O que são essas obras? Elas são realizadas
num espírito humilde e amável, controlado por um espírito de misericórdia
celestial?
A ênfase desse versículo está na
característica da sabedoria descrita como humildade. Essa qualidade também pode
ser descrita como mansidão ou amabilidade. A amabilidade se expressa na pessoa
que é dotada de sabedoria e que a demonstra em todas as suas obras.
Em Eclesiástico, também conhecido como
Sabedoria de JESUS, Filho de Siraque, o autor relaciona alguns preceitos de
humildade e diz: “Filho, age com mansidão em tudo o que fazes, e serás amado
pelo homem que agrada a DEUS” (Sir. 3.17, RSY).
Tg 1.14 Porém, se vocês acolhem em seu coração
a inveja amargurada e a ambição egoísta, não se vangloriem disso nem neguem a
verdade.
O oposto de um espírito amável controlado
pela sabedoria é um coração repleto de “inveja amargurada e ambição egoísta”. O
contraste entre esse versículo e o anterior tem um paralelo direto na epístola
de Paulo aos Gálatas, onde ele menciona, entre as qualidades do fruto do
ESPÍRITO, “mansidão e domínio próprio” (5.23). Entre as obras da natureza
pecaminosa estão “invejas... discórdias, dissensões, facções” (5.20,21).
Como pastor experiente, Tiago sabe que, entre
os membros da igreja, há algumas pessoas cujo espírito é caracterizado pela
inveja amargurada e por egoísmo (sentimento faccioso). Ele usa o plural vocês e
indica, com uma oração condicional, que as evidências apontam para um fato. Em
outras palavras, ele está ciente da condição espiritual de seus leitores. Se
continuarem a dar lugar à inveja e ao egoísmo, serão consumidos por eles.
Tiago descreve a inveja com o adjetivo
amargurada. Ele não explica a causa dessa inveja amargurada. Sua descrição,
porém, aponta para uma transgressão do décimo mandamento: “Não cobiçarás”. Dar
lugar à inveja amargurada é pecado, e estar cheio de ambição egoísta vai contra
o ensinamento da lei régia: “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Tg 2.8).
“... não se vangloriem disso [da inveja
amargurada e sentimento faccioso], nem neguem a verdade”. As pessoas cheias de
inveja e egoísmo normalmente falam sobre isso para qualquer um que esteja
disposto a ouvir. Elas deveriam perceber, entretanto, que tudo o que dizem é
contrariado pela verdade. Cada vez que abrem a boca para expressar seus
sentimentos, estão enganando a si mesmas.. Quando Paulo admoesta os efésios
para que não entristeçam o ESPÍRITO SANTO, ele lhes diz: “Longe de vós toda a
amargura” (4.31). Um coração que nutre “inveja amargurada e ambição egoísta” é
desprovido de sabedoria lá do alto.
Tg 1.15 Tal “sabedoria” não desce do céu, mas
é terrena, não é espiritual, é do diabo, 16, pois onde há inveja e ambição
egoísta, lá se encontra a desordem e toda prática perversa.
A New International Version apresenta,
corretamente, a palavra sabedoria entre aspas para indicar que essa sabedoria
não é autêntica.
O próprio texto explica de onde vem essa tal
sabedoria e quais são suas características. Sua origem não é celestial, mas
terrena; suas peculiaridades não são espirituais; mas, demoníacas. Tiago usa
uma linguagem forte para retratar o contraste absoluto entre a sabedoria que se
origina no homem e aquela que vem de DEUS.
O crente que é verdadeiramente sábio ora
continuamente a DEUS em nome de JESUS. Na oração, ele está em comunhão com a
fonte de sabedoria, pois o próprio DEUS a dará liberalmente a qualquer um que
lhe pedir (Tg 1.5).
O oposto também é verdade. Sem fé e oração,
uma pessoa jamais pode obter verdadeira sabedoria. Suas palavras, movidas pela
inveja e ambição egoísta, mostram uma espécie de pseudo-sabedoria que se
origina no homem, e não em DEUS. Esse tipo de sabedoria não “desce do céu, mas
é terrena”.
Nesse versículo, Tiago relaciona uma série de
três adjetivos em ordem descendente: Terrena não é espiritual é do diabo.
a. “Terrena”. O
autor deseja mostrar como aquilo que é terreno está em contraste com o que DEUS
faz originar no céu. A besta que emerge da terra (Ap 13.11), por exemplo,
desafia tudo o que é sagrado e celestial, e se o ESPÍRITO de DEUS não está
presente nas coisas terrenas, então ali há pecado.
b. “Não é espiritual”. Em
sua primeira epístola à igreja de Corinto, Paulo discute a sabedoria que é
ensinada pelo ESPÍRITO de DEUS. Porém, Paulo escreve que “o homem natural não
aceita as coisas do ESPÍRITO de DEUS, porque lhe são loucura; e não pode
entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14; comparar
também com Jd 19). Não se deve, porém, entender o termo “não-espiritual” como
desprovido de espírito. Além do mais, alguém que abandona a fé segue “a
espíritos enganadores e a ensinos de demônios” (l Tm 4.1).
c. “É do diabo”. No
versículo anterior (v. 14), Tiago diz à pessoa cujo coração está repleto de
“inveja amargurada e ambição egoísta” para não negar a verdade. Se negar a
verdade, porém, essa pessoa vive uma mentira que tem como origem o pai da
mentira, o diabo.
Tiago dá às coisas os seus devidos nomes:
“Tal sabedoria não desce do céu, mas é... do diabo”.
Quando o diabo profere a mentira, é ruim.
Quando usa o mundo para colocá-la em prática, é ainda pior, mas quando os
membros da igreja tomam-se seus instrumentos para propagar a sabedoria
diabólica, é a pior de todas as situações. A carta de Tiago deixa a impressão
de que o diabo usou alguns membros da igreja.
Tiago prova seu argumento ao observar o
seguinte fato: “Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e
toda espécie de coisas ruins”. Note a correlação distinta que, se colocada de
maneira gráfica, apresenta-se assim:
Onde
|
Ai.
|
Há
|
Há.
|
Inveja
|
Confusão.
|
Sentimento faccioso
|
Toda espécie de coisas ruins.
|
Uma coisa leva inevitavelmente à outra numa
sequência de causa e efeito. Se há inveja, então há confusão. O que é inveja?
Eis uma explicação: “Inveja é o desgostar-se com ressentimento e ódio da boa
fortuna ou bênção de outra pessoa”. Tiago chama a inveja de “amargurada”
(3.14). A inveja destrói a confiança mútua, desintegra a unidade e é de criação
demoníaca. Como Tiago indica, a inveja transforma-se em confusão. A expressão
confusão “parece ter algo da conotação negativa associada à palavra anarquia”.
Além disso, o sentimento faccioso, ou ambição
egoísta, invariavelmente leva a toda espécie de coisas ruins, porque seus
motivos egoístas se sobrepõem e eliminam o amor a DEUS e ao próximo. A ambição
em si é uma força benéfica, que busca promover o bem-estar dos outros. Quando
toma-se egoísta, a ambição leva à prática de coisas ruins. Ao observar a inveja
e as brigas entre os coríntios, Paulo os admoesta por serem carnais (I Co 3.3).
Os crentes, pelo contrário, devem ser companheiros de trabalho de DEUS.
Simom J. Kistemaker. Comentário do Novo
Testamento Tiago e Epistola de João. Editora Cultura Cristã. pag. 162-167.
Tg 3. 13-17. Tiago fala sobre a sabedoria
para lidar com as circunstâncias e com as pessoas. Assim como o rei Salomão
pediu sabedoria para DEUS, nós também podemos pedir. O que é sabedoria?
Sabedoria é o uso correto do conhecimento. Uma pessoa pode ser culta e tola.
Hoje se dá mais valor à inteligência emocional do que à inteligência
intelectual. Uma pessoa pode ter muito conhecimento e não saber se relacionar
com as pessoas. Ela pode ter muito conhecimento e não saber viver consigo e com
os outros.
Sabedoria é também olhar para a vida com os
olhos de DEUS. A pergunta do sábio é; em meus passos, o que faria JESUS? Como
ele falaria como agiria, como reagiria? CRISTO não foi um mestre da escola
clássica. Ele ensinou os seus discípulos na escola da vida. Ensinar a sabedoria
é mais importante do que apenas transmitir conhecimento. Tiago está
contrastando dois diferentes tipos de sabedoria: a sabedoria da terra e a
sabedoria do céu. Qual sabedoria governa a sua vida? Por qual caminho você está
trilhando? Que tipo de vida você está vivendo? Que frutos esse estilo de vida
está produzindo? A sua fonte é doce ou salgada (3.12)?
Tiago mostra, também, que essa sabedoria se
reflete nos relacionamentos (3.13.14). Sábio é aquele que é santo em caráter,
profundo em discernimento e útil nos conselhos. Você conhece o sábio e o
inteligente pela mansidão da sua sabedoria e pelas suas obras, ou seja,
imitando a JESUS, que foi manso e humilde de coração (Mt 11.29). Warren
Wiersbe, comparando a sabedoria de DEUS com a sabedoria do mundo, faz três
contrastes: quanto à sua origem, quanto às suas características e
quanto aos resultados.
2. DEUS é o doador da sabedoria.
Uma das características de DEUS apresentadas
por Tiago é inerente à sua bondade. DEUS dá generosamente a sabedoria
necessária para que possamos viver neste mundo de forma que o agrademos e
sejamos também referenciais para as pessoas que nos cercam.
Uma das partes mais interessantes em relação
a DEUS dar sabedoria aos homens está no fato de que Tiago diz que DEUS dá a
todos a sua sabedoria. Aqui entra uma questão: essa expressão “todos” se refere
apenas aos que o servem, ou a todas as pessoas que de alguma forma buscam a
sabedoria, independente de suas crenças? O texto não é claro nesse aspecto, mas
se tomarmos como referência o fato de que esses escritos estão relacionados a
pessoas que, como se entende, conheciam a JESUS CRISTO, é possível fechar o
círculo de abrangência dentro da esfera cristã.
“E, se algum de vós tem falta de sabedoria,
peça-a a DEUS, que a todos dá liberalmente...” (Tg 1.5)
Tiago nos apresenta outro fator que deve ser
aqui colocado: a busca da sabedoria por meio da oração. Devemos rogar ao Senhor
a sabedoria de que precisamos, e Ele certamente a dará como um presente divino.
Não somos orientados por Tiago a buscar a sabedoria em outros lugares, mas pura
e simplesmente em DEUS. Ele é o detentor da sabedoria que nos é necessária em
todos os momentos, e Ele faz questão de que a tenhamos.
Além de bondoso, DEUS não é inconveniente.
Ele não nos dá a sabedoria e depois “joga na nossa cara”, como diz a expressão
popular, a sabedoria que nos deu. Como qualquer dos dons que recebemos do
Senhor, a sabedoria deve ser de fato bem utilizada, e que tenhamos a
consciência de que daremos contas a DEUS daquilo que dEle recebemos. Portanto,
usemos a sabedoria recebida de acordo com os padrões de DEUS.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras,
Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 37-38.
“Peça a DEUS”: Tiago estava aprendendo com
seu Senhor e Mestre. Ele mostrou-nos a grande e maravilhosa possibilidade, a
saída para toda a perplexidade: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis;
batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). A prece pela sabedoria divina é a prece pelo
ESPÍRITO de DEUS, porque a sabedoria é um dos efeitos do ESPÍRITO (Ef 1.17).
Nosso Senhor reservou uma promessa especial à prece pelo ESPÍRITO (Lc 11.13).
Os dons exteriores também são concedidos por DEUS a quem não os pede a ele (Mt
5.45). Contudo, ele não despeja simplesmente seu ESPÍRITO, a si mesmo, sua
salvação sobre as cabeças das pessoas. Não impõe a ninguém os dons interiores.
Nesse aspecto ele requer ser rogado. “Quer que estendamos as mãos em direção de
seu agir misericordioso” (J. C. Blumhardt). – Como devemos imaginar o
atendimento da prece por sabedoria? O ESPÍRITO de DEUS vincula-se à palavra de
DEUS. JESUS declara acerca do ESPÍRITO: “Há de receber do que é meu” (da
palavra dada de uma vez por todas) “e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho
dito” (Jo 14.26; 16.14). Por isso, ao darmos ouvidos à palavra de DEUS e
lidarmos com ela em oração, o ESPÍRITO de DEUS fará incidir luz sobre nossa
situação e questionamento. Propicia-se a noção do que é imperioso no momento,
bem como a dádiva de dizer aos outros uma palavra de esclarecimento, orientação
e auxílio (cf. 1Co 12.8).
“DEUS concede a cada um”, traduz
Lutero conforme o sentido geral: a sabedoria divina de forma alguma é
propriedade particular de alguns teólogos, “homens de DEUS”, encarregados de
tempo integral, dirigentes na igreja, especialmente dotados. Cada um tem a
promessa.
“DEUS dá de bom grado.” A palavra
grega para o modo como DEUS dá significa “simplesmente”, “despretensiosamente”,
“sem segundas intenções”. Lutero traduz “singelamente”. Ao dar, DEUS não faz
ressalvas e é cheio de bondade. Não se comporta como as pessoas, nem como os
gentios pensavam a respeito de seus deuses. –“Ele dá sem repreender”: estamos
acostumados à versão alemã de Lutero - “Ele não pressiona ninguém.” Não priva
ninguém. Não coloca a cesta do pão fora de alcance (p. ex., para mostrar quem é
chefe na casa). Literalmente o sentido é: “Ele não critica.”
Nós também damos, mas não raro criticamos ao
mesmo tempo, a começar por nossos próprios filhos. Por exemplo: “Você vem pedir
ajuda depois que arrumou encrenca. Deveria ter pensado melhor antes.” Ou:
“Depois de todas as suas atitudes para comigo, eu não deveria lhe dar mais
nada!” DEUS não faz sermões nem críticas. Não nos prende ao que passou. “Sua
misericórdia é nova a cada manhã” sobre nós “e sua fidelidade é grande” (Lm
3.22s).
Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta
De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
Tiago compartilha essa percepção. Se algum de
vós tem falta de sabedoria, peça-a a DEUS. Tiago pode fazer isso com confiança
total em que DEUS a todos dá liberalmente. Aqui, Tiago apela à tradição a
respeito de JESUS (os ensinos de JESUS ainda não escritos que, mais tarde,
formariam os evangelhos), pois o Senhor prometera que DEUS concederia a seus
filhos o que lhe pedissem (Mateus 7:7-11; Marcos 11:24; Lucas 11:9-13; João
15:7). Que dádiva melhor poderiam pedir do que a sabedoria de que necessitassem
a fim de resistir às provações que estavam enfrentando? DEUS... dá porque ele é
doador; DEUS dá liberalmente, o que significa que dá sem reservas mentais, dá
com simplicidade, com um coração singelo.
Não está procurando um lucro escondido da
parte dos crentes; o Senhor não abriga motivos desprezíveis, tampouco
sentimentos mesquinhos. Na verdade, não só o Senhor dá generosamente, mas não
censura. Isso significa que DEUS não se queixa do dom concedido, nem de seu
custo. Não é “um tolo”, que “tem muitos olhos, em vez de um. Dá pouco e
repreende muito, abre a boca como um arauto; hoje empresta e amanhã toma de
volta” (Siraque 20:14-15). Não, DEUS dá verdadeiras dádivas; nenhuma queixa,
nenhuma crítica (Como? Você precisa de ajuda outra vez?), nenhum motivo escuso,
nenhuma relutância. O DEUS dos cristãos é caracterizado pelo hábito de dar
livre e generosamente, até o ponto da prodigalidade.
E que dádivas concede o Senhor! Dá sabedoria,
que nesta carta é equivalente ao ESPÍRITO SANTO, dádiva que os leitores de
Tiago, sendo ex-Judeus, reconheceriam como um dos dons da era vindoura (como o
fizeram as pessoas dos rolos do mar Morto). A sabedoria vem ao crente mediante
CRISTO (1 Coríntios 1:24; 2:4-6).
Certamente, é disso que precisamos a fim de
resistir às provações e chegar à perfeição.
Peter H. Davids. Comentário Bíblico
Contemporâneo. Editora Vida. pag. 45.
3. Peça a DEUS sabedoria.
Não é incomum nos aproximarmos de DEUS para
pedir dEle bênçãos. Não é errado desejar ser abençoado por DEUS, pois mesmo as
pessoas que não tem em JESUS o seu Senhor desejam igualmente receber bênçãos
dos céus. Pois bem, se cremos que DEUS pode nos abençoar, porque não pedimos a
DEUS sabedoria?
Tiago nos deixa evidente duas coisas: A
sabedoria é uma bênção, e ela deve ser pedida a DEUS. E DEUS se importa com
esse tipo de pedido? Sim, pois o apóstolo mostra o motivo máximo pelo qual
devemos pedir a sabedoria a DEUS: “... e ser-lhe-á dada”. DEUS tem prazer em
oferecer aos seus filhos a sabedoria, e Tiago deixa claro que Ele nos dará a
sabedoria que pedimos. A sabedoria que DEUS tem para dar não é custosa. Quando
oramos de acordo com a vontade de DEUS, temos a certeza de que receberemos
respostas de nossas orações e uma dessas respostas sem dúvida é a sabedoria
como um presente divino.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras,
Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 38.
Quando somos provados precisamos pedir
sabedoria (1.5-8). Quando estamos sendo provados, precisamos de discernimento e
sabedoria (1.5; 3.13-18). O que é sabedoria? E mais que conhecimento. Sabedoria
é o uso correto do conhecimento. Conhecimento pode ser definido, nesse
contexto, como conhecer bem a Bíblia. Sabedoria é usar bem a Bíblia. Sabedoria
é olhar para a vida com os olhos de DEUS. O sábio busca maturidade e não
prazer.
Há pessoas cultas e tolas. Há pessoas que têm
erudição, mas não sabem viver a vida nem fazer escolhas certas. Quando estamos
sendo provados, precisamos de sabedoria para não desperdiçar as oportunidades
que DEUS está nos dando para chegarmos à maturidade. A sabedoria nos ajuda a
entender como usar as provas para nosso bem e para a glória de DEUS.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando
provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 20-21.
Observe os seguintes pontos:
a. Necessidade. A
oração “se algum de vocês necessita de sabedoria” é a primeira parte de uma
declaração fatual numa frase condicional. O autor está dizendo ao leitor: “Sei
que você não vai admitir, mas você necessita de sabedoria”. Tiago trata de um
problema delicado, pois ninguém quer ouvir que é tolo, que comete erros e
precisa de ajuda. O ser humano é, por natureza, independente. Quer resolver
seus próprios problemas e tomar suas próprias decisões. O teólogo do século 18,
John Albert Bengel, colocou de modo um tanto sucinto: “A paciência está mais no
poder de um homem bom do que a sabedoria; a primeira deve ser exercitada, e
esta última deve ser pedida”. E preciso que o ser humano supere o orgulho para
admitir que precisa de sabedoria. Mas a sabedoria não é algo que ele possui.
Ela pertence a DEUS, pois é sua divina virtude. Qualquer um que admita a
necessidade de sabedoria deve ir até DEUS e pedir-lhe. Tiago apela para o
leitor e ouvinte individualmente. Escreve: “algum de vocês”. Tiago dá ao leitor
a chance de se examinar, de chegar à conclusão de que precisa de sabedoria e de
seguir o seu conselho para que a peça a DEUS.
b. Pedido. O
crente deve pedir sabedoria a DEUS. Tiago deixa implícito que DEUS é a fonte de
sabedoria. Ela lhe pertence.
O que é sabedoria? Tanto o Antigo quanto o
Novo Testamento procuram explicar esse termo. Salomão o expressa num
paralelismo tipicamente hebraico: “Porque o Senhor dá a sabedoria, da sua boca
vem a inteligência e o entendimento” (Pv 2.6). Salomão equaliza a sabedoria com
a inteligência e o entendimento.
Além disso, o Novo Testamento afirma que o
cristão recebe sabedoria e conhecimento de DEUS (ver, por exemplo, I Co 1.30).
É verdade que fazemos uma distinção entre sabedoria e conhecimento quando
dizemos que o conhecimento sem sabedoria é de pouco valor.
Donald Guthrie observa que “se a sabedoria é
o uso correto do conhecimento, a sabedoria perfeita pressupõe conhecimento
perfeito”. Para tomar-se maduro e íntegro, o crente deve pedir a DEUS
sabedoria. DEUS deseja oferecer sabedoria a qualquer um que pedir com
humildade.
O reservatório de sabedoria de DEUS é
infinito e ele a “dá generosamente a todos sem encontrar culpa”.
c. Dádiva. DEUS
não faz acepção. Ele dá a todos, não importa quem seja, pois DEUS deseja dar. É
uma característica de DEUS. Ele dá continuamente. Toda vez que alguém chega até
ele com um pedido, ele abre seu reservatório e distribui sabedoria
gratuitamente. Assim como o sol continua a dar sua luz, DEUS continua dando
sabedoria. Não podemos imaginar um sol que deixe de dar luz, muito menos pensar
em DEUS deixando de dar sabedoria. A dádiva de DEUS é gratuita, sem juros, sem
o pedido de que se pague de volta. Ela é grátis. Além disso, DEUS dá “sem
encontrar culpa”. Quando pedimos a DEUS por sabedoria, não devemos temer que
ele expresse desprazer ou nos reprove. Quando chegamos até ele com a fé como a
de uma criança, ele jamais nos manda de volta vazios. Temos a segurança de que,
quando pedimos por sabedoria, ela nos “será dada”. DEUS não decepciona aquele
que pede com fé.
Simom J. Kistemaker. Comentário do Novo
Testamento Tiago e Epistola de João. Editora Cultura Cristã. pag. 52-54.
II - A DEMONSTRAÇÃO PRÁTICA DA SABEDORIA
HUMILDE (Tg 3.13)
1. A
sabedoria colocada em prática.
Um talento não utilizado pode se perder com o
tempo. Da mesma forma, se recebemos um presente de DEUS, devemos utilizá-lo
para a glória dEle, e isso inclui a sabedoria. Quando o texto de Tiago fala que
o sábio e inteligente deve demonstrar sua sabedoria, ele está dizendo que essa
demonstração deve ser realizada entre as pessoas, publicamente.
Tiago espera que a sabedoria seja pedida por
meio da oração, recebida como um presente de DEUS e manifesta na comunidade dos
santos. A sabedoria não é um presente que recebemos para ficar guardada, mas
para ser disponibilizada por meio de ações inteligentes.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras,
Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 39.
Sabedoria
é o que a Sabedoria Faz, 3.13
Essa seção tem somente uma conexão vaga com
os versículos precedentes. Talvez o sábio (v. 13) pode ser comparado à fonte de
água doce, não misturada com a amarga (v. 11), ou à árvore cuja natureza é tal
que produz “bons frutos” (vv. 12, 17). Mas fundamentalmente, o pensamento do
autor tem conexão com os versículos 1- 2a em que apresenta conselhos aos mestres
cristãos — ou pretendentes a mestres — na
Igreja. O sempre prático Tiago aplica o teste da bondade aos líderes cristãos e
mais amplamente a todos que se chamam cristãos. Sêneca disse: “A sabedoria nos
ensina a fazer, bem como a falar”. The New English Bible reflete de forma
correta o significado do versículo 13: “Quem entre vós é sábio ou inteligente?
Que o demonstre por sua conduta correta, mediante obras práticas, com modéstia
que provém da sabedoria”.
O verdadeiramente sábio e inteligente
(epistemon) é aquele que conhece a DEUS.
O sábio do Antigo Testamento escreveu: “O
temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e a ciência do SANTO, a prudência”
(Pv 9.10). Este é o significado que Tiago emprega aqui (cf. 1.5). O bom trato é
“seu bom procedimento” (NVI). Suas obras seriam os resultados específicos ou
ações que brotam da sua vida reta. Todas essas ações devem ser realizadas em
mansidão de sabedoria, i.e., com a humildade que é decorrente de ser semelhante
a CRISTO.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 178.
«... mediante condigno proceder, as suas
obras...» A sabedoria nada será a menos que se manifeste na forma de boas obras
e de uma vida moral e espiritual correta. Também precisa ser frutífera e
poderosa, tal como se espera que seja a fé cristã (ver Tia. 2:14 e ss.),
porquanto, de outro modo, será algo morto e inútil. Mediante sua vida boa e
pacífica, o homem demonstrará a origem piedosa e divina de sua sabedoria.
Portanto, o sábio é convidado a demonstrar a validade de sua sabedoria pelas
suas obras de mansidão. A sabedoria que não é comprovada desse modo é uma
sabedoria falsa: e mostra-se ainda mais falsa quando se torna motivo de orgulho
e de contenda.
«Tiago compartilha do conceito bíblico geral
que a sabedoria não consiste apenas no conhecimento, na astúcia e na
habilidade, mas antes, em uma profunda compreensão sobre o que é e deve ser a
vida piedosa. Tal sabedoria produz concórdia e harmonia entre as pessoas e os
grupos. Faz agudo contraste com o egoísmo calculista que é a causa de ‘desordem
social e de todas as ‘práticas vis’... O astuto, o esperto, o manipulador
habilidoso, está convencido que sua sagacidade superior é o que os sofisticados
denominam de ‘egoísmo iluminado‘, o ‘conhecimento’, a manipulação de homens e
de circunstâncias, para a satisfação de sua ganância. Para obter a sua
finalidade, o homem astuto não mostra escrúpulos em mentir, desunir, enganar ou
subornar, se pensa que poderá evitar ser apanhado. Uma boa parte da astúcia de
que ele se orgulha e a sua habilidade de ‘encobrir‘ de ‘passar despercebido‘.
Se a sua ambição só puder ser satisfeita mediante a deslealdade para com seus
amigos, ou mediante a crueldade para com suas vítimas, isso é lamentável, mas é
o preço que o ‘realista paga para ganhar o único sucesso que vale a pena ter
neste mundo‘*. (Easton, in loc.).
«...proceder...» No grego é usado o termo
*anastrophe·, «conduta», «comportamento», o caráter geral de uma vida, algo que
é indicado, nas páginas do N.T.. pela metáfora do «andar», que é de uso mui
frequente. O «sábio» crente deve ser pessoa de uma conduta repleta de boas
obras, efetuadas em mansidão. Somente a sabedoria divina, uma qualidade
divinamente transmitida, pode tornar bem-sucedida a vida do crente. É algo por
demais exigente para a personalidade humana sem ajuda.
«Ações, ações, ações, é o clamor de Tiago.
‘Isto deveríeis ter feito, sem deixardes de fazer aquelas outras'. Sem a
prática cristã, todas as outras coisas que alguém professe possuir é sal que já
perdeu o sabor». (Plummer, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 39.
Tg 3.13. A pergunta que abre esta divisão —
Quem entre vós é sábio e entendido? — é de fato um desafio: se você diz ser
sábio, demonstre sua sabedoria pelas obras que a verdadeira sabedoria produz.
Muitos comentaristas acham que a pergunta de Tiago dirige-se especialmente aos
mestres mencionados no versículo 1. Mas nem sophos (sábio, “pessoa sábia”) nem
epistêmõn (“instruído”, “cheio de entendimento”) são aplicados como títulos ao
mestre. Eles aparecem juntos várias vezes na Septuaginta, uma vez em referência
às qualidades que os líderes devem possuir (Dt 1.13,15), mas também é aplicado
a todo o Israel (Dt 4.6; Dn 5.12 aplica-os ao profeta). Está claro que Tiago
considera a “sabedoria” uma virtude à disposição de todos (1.5), e mesmo 3.1
realmente não se dirige a mestres, mas àqueles que queriam se tomar mestres.
Portanto, a exortação de Tiago é melhor compreendida como se fosse dirigida a
todos os crentes em geral, mas especialmente àqueles que se orgulhavam de seu
conhecimento superior.
Conforme Dibelius destaca, a exortação de
Tiago à “pessoa sábia” parece desajeitada, pelo fato de ele combinar duas
ideias nela: a sabedoria deve produzir obras e a sabedoria deve ser
caracterizada pela humildade. A primeira ideia dá-nos uma forte lembrança da
exigência anterior de Tiago, no sentido de que a fé se manifesta em obras. A
verdadeira sabedoria, assim como a fé real, é uma qualidade prática e vital que
tem a ver tanto (ou mais) com o modo pelo qual vivemos como com aquilo que
pensamos ou dizemos. Neste sentido, Tiago é fiel ao conceito
veterotestamentário da sabedoria como um modo de vida, a atitude e conduta
típicas de uma pessoa piedosa. Mas Tiago está muito mais interessado na segunda
ideia mencionada acima, as qualidades que devem ser manifestadas pela
sabedoria. Em mansidão de sabedoria deve ser entendido como um qualificativo de
obras e estas devem ser praticadas “em mansidão” que caracteriza a “sabedoria”
ou nasce dela (vendo o genitivo como descritivo ou indicador de origem).
Mansidão (praütês), na mente da maioria dos gregos, dificilmente era uma
virtude a ser buscada: ela sugeria um rebaixamento servil e ignóbil. Mas JESUS,
que pessoalmente foi “manso” (Mt 11.29), pronunciou uma bênção sobre aqueles
que fossem mansos (Mt 5.5). Tal mansidão cristã envolve uma compreensão sadia
acerca de nossa falta de méritos diante de DEUS e uma respectiva humildade e
falta de orgulho no trato com nossos semelhantes.
Douglas J. Moo. Tiago. Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 130-131.
2. A
humildade como prática cristã.
Na concepção de Tiago, sabedoria e humildade
devem andar juntas. O sábio tem atitudes humildes, não arrogantes. Da mesma
forma que a sabedoria de que precisamos encontra sua fonte em DEUS, a humildade
nos faz ser sempre mais dependentes de DEUS. Curiosamente falando, a obediência
a DEUS é uma demonstração de humildade, e não de arrogância. A desobediência a
DEUS e aos seus preceitos mostra o quanto podemos ser arrogantes, mas a
dependência de DEUS e a humildade demonstram o quanto somos obedientes a Ele.
A humildade tem um alto preço? Com certeza.
Um exemplo que vale a pena ser lembrado é o caso de Naamã, o general do
exército da Síria, que foi curado por Eliseu em 2 Reis 5. Naamã era um herói
nacional, e por seus feitos era sempre honrado. A Bíblia descreve Naamã como um
homem poderoso diante do rei e respeitado, pois através de Naamã DEUS dera
livramento aos sírios. Ele ainda é descrito como um homem valoroso, mas também
possuidor de um mal: a lepra.
Mesmo com essa doença, Naamã era muito bem
quisto em sua nação. Quando ele soube que havia um profeta em Israel que
poderia curá-lo, Naamã foi atrás do homem de DEUS, Eliseu, que aparentemente,
fez pouco caso do general, quando ordenou que o militar fosse tomar banho nas
águas do Jordão. Naamã não gostou da ordem e pegou o caminho de volta para sua
terra, mas convencido pelos seus servos, voltou, banhou-se no rio e foi curado.
Sua humildade e obediência, mesmo em sua posição, garantiram-lhe a cura daquela
doença mortal.
Naamã não era um cristão, mas seu exemplo de
humildade serve de inspiração a todos nós. Se ele pôde ouvir seus servos,
humilhou-se e banhou-se em um rio que aos seus olhos era inferior, e por isso
foi curado, porque não podemos nós buscar essa característica em nossas vidas?
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras,
Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 39-40.
Mt 11.29 Manso e humilde de coração.
Evidentemente se refere às ideias de Zac. 9:9, que fala da humildade do
Messias. Primeiramente o Messias humilhou-se na encarnação—«...a si mesmo se
esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens» (Fil.
2:7). No seu ministério, JESUS sempre apresentou provas de sua simpatia pelo
estado e sofrimento da humanidade. Operou curas não para provar seu próprio
poder e grandeza, mas porque anelava aliviar o sofrimento dos homens.
Ressuscitou aos mortos porque simpatizou com a tristeza dos que estavam em
luto. Pregou o evangelho, especialmente aos pobres, porque sentiu a
desesperadora condição produzida pelo pecado. JESUS não assumiu posição de
autoridade e grandeza, como o faziam alguns líderes dos judeus, nem procurou
qualquer privilegio pessoal ante o governo. Viveu como homem pobre, no meio dos
pobres, como homem humilde no meio dos humildes. Finalmente, submeteu-se à
morte na cruz, uma morte vergonhosa e horrível, conforme se lê, ...humilhou-se,
tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz (Fil. 2:8).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 382.
Mt 11.29 JESUS convida a aprender dele, isto
é, tornar-se seu seguidor. Ele é manso e humilde de coração. Ambas as
qualidades precisam ser encontradas também na vida de seus discípulos, tanto a
mansidão, que é igual para com cada pessoa, seja ela pobre ou rica, amiga ou
inimiga, como também a humildade. Exatamente isso foi o que acompanhou o Senhor
JESUS como uma clara luz brilhante durante todos os seus dias. Essa humildade
dele não foi uma máscara exterior, um gesto adquirido de cortesia, não, ela
brotava de seu coração, do mais íntimo de seu ser. Não uma coação externa o
impelia para essa atitude, e sim a necessidade mais interior.
Em outras palavras: A mansidão é a
característica exterior de uma ação, enquanto “ser humilde de coração”
refere-se mais à disposição interior que está por trás de toda ação.
Quando o discípulo é obediente a esse imperativo,
isso por sua vez lhe trará novo “descanso”. Na verdade, às vezes o descanso não
é imediatamente visível de fora, pois também o discípulo está plenamente
inserido em seu tempo, no mundo com toda a sua pressa e atividade, e nem sempre
pode afastar-se dele. Porém o discípulo sempre de novo pode receber de presente
o descanso da alma, uma segurança e firmeza interior diante de todo o exterior.
Esse “descanso interior” brota da proximidade daquele que anda junto, debaixo
do jugo, e que é o “Senhor do universo”.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança
Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança.
3. Obras em mansidão de sabedoria.
Tiago destaca a pessoa sábia e inteligente
como uma pessoa que sabe tratar pessoas próximas (e pessoas distantes também).
Isso nos leva a crer que a sabedoria não é uma qualidade que deve ser
trancafiada em um escritório, distante das pessoas. O sábio não se mostra, na
perspectiva de Tiago, como aquela pessoa que tem títulos e conhecimento (Tiago
não menciona esses elementos titulares como sendo inúteis nem desprezíveis,
como se estudar ou buscar o conhecimento acadêmico fosse algo em que o crente
não deveria se empenhar. Eles apenas não são relacionados nessa linha de
raciocínio.), mas como a pessoa que sabe lidar com outras pessoas de forma
afável. Como o texto não designa que tipo de pessoa deve ser tratado dessa
forma, nem designa também a situação em que esse tratamento afável deve ser
ministrado, podemos entender que é uma regra que deve ser aplicada em todas as
situações e para qualquer pessoa, sem distinção.
Essa é definitivamente uma grande prova de
sabedoria. E fácil tratar bem pessoas que nos tratam bem. Mas como deveríamos
lidar com pessoas que aos nossos olhos são difíceis de serem suportadas? Como
lidar com pessoas grossas e mal educadas? Com bom trato em mansidão e
sabedoria.
A mansidão não é sinal de fraqueza, mas sim
de capacidade de dominar a si mesmo. Mansidão é sinônimo de cortesia, e essa
característica sem dúvida é oriunda de uma relação vívida com DEUS e com seus
preceitos.
Como diz Champlin, Tiago compartilha do
conceito bíblico geral que a sabedoria não consiste apenas em no conhecimento,
na astúcia e na habilidade, mas antes em uma profunda compreensão sobre o que é
e deve ser a vida piedosa. Tal sabedoria produz concórdia e harmonia entre as
pessoas e os grupos.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras,
Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 40-41.
Tg 3.13 A pessoa verdadeiramente sábia
demonstra a compreensão que tem de CRISTO pela maneira como vive. As nossas
obras mostram em que investimos os nossos corações (Mt 6.19-21,33). As nossas
atitudes e motivações estão de acordo com os nossos atos? Embora não possamos
afirmar que sejamos sábios, podemos almejar viver de maneira sábia — uma vida
de constante bondade. A orientação que nos é dada pela Palavra de DEUS é uma
sabedoria confiável.
Mas, se nós quisermos realizar boas obras,
devemos tomar cuidado com o orgulho. Orgulho é ter uma atitude de valorização
própria superior aos talentos e capacidades que DEUS nos deu e usar estes dons
para se colocar como alguém superior, ou provocar discórdias nos nossos
relacionamentos com os outros. A sabedoria, portanto, envolve tanto as ações
quanto as atitudes da vida. Uma vida sábia exibirá não apenas bondade, mas
também humildade.
Comentário do Novo Testamento Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 680.
Sabedoria em Tiago tem mais que ver com uma
conduta que reflete a natureza e a vontade de DEUS do que com um intelecto aguçado.
Tiago lança um desafio: “Quem é sábio e tem entendimento entre vocês?” Tanto
sabedoria como entendimento andam bem juntos. Sabedoria direciona os passos, e
entendimento informa o destino das decisões. Segundo Tiago, ela é demonstrada
pelo bom procedimento. A questão não é o quanto sabemos na nossa mente, mas
quanto esse conhecimento é refletido no nosso procedimento.
Por exemplo, quem não acharia um tanto
estranho ver um médico que orienta pacientes na disciplina de uma vida regrada,
mas que não passa de uma chaminé ambulante de tanto que fuma?
O cristão deve demonstrar pelas suas boas
obras a mansidão que a sabedoria genuína requer. Como em 2.18, as obras
comprovam a fé genuína. A humildade mostra a verdadeira sabedoria que o cristão
tem. Thomas Manton diz: “Um cristão é mais bem conhecido pela sua vida do que
pelo seu discurso”. O Senhor JESUS convidou os cansados e sobrecarregados a
tomar sobre eles o jugo dele para aprender com ele que é manso e humilde de
coração. Quando tratamos pessoas com paciência e amor, mesmo aqueles que não
têm posição de destaque na sociedade, imita-se a sabedoria e a humildade de
CRISTO. JESUS incluiu mansidão nas bem-aventuranças. A felicidade dos mansos
inclui herdar a terra (Mt 5.5). Em Tiago, mansidão deve certificar a origem da
sabedoria que se professa.
Na antiguidade, sabedoria e humildade eram
praticamente inimigas. A visão grega da sabedoria pressupunha o orgulho. Uma
pessoa “sábia” tinha que se orgulhar de sua posição. Para Tiago, porém, afirmar
que se prova ser uma pessoa sábia executando obras com humildade era algo
totalmente contra aquela cultura. Algo que é também contra nossa cultura hoje.
A tendência que temos é de exaltar-nos e orgulhar-nos de nossos próprios
feitos.
O oposto se mostra na sabedoria dos homens
que não conhecem a DEUS. É o caso dos que “dizendo-se sábios, tornaram se
loucos e trocaram a glória do DEUS imortal por imagens” (Rm 1.22,23). A
sabedoria que não tem respaldo na Bíblia é carente de mansidão. Sem
entendimento, os intelectuais do nosso tempo carecem, na maioria dos casos, da
sabedoria que o temor do Senhor produz (SI 111.10). Especular sobre as origens
do universo, sobre as origens das espécies, carecem de humildade e sabedoria.
Excluir o Criador de todas as explicações das maravilhas da natureza parece
loucura do mais alto grau. Certamente, Manton está certo ao afirmar: “O mais
evidente da sabedoria verdadeira é que seu possuidor é manso” (op. cit. p.
300).
Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma
Exposição De Tiago A Sabedoria De DEUS. Editora Shedd Publicações.
III - O VALOR DA VERDADEIRA SABEDORIA E A
ARROGÂNCIA DO SABER CONTENCIOSO (Tg 3.14-18)
1. Administrando
a sabedoria.
Se há atitudes que devemos evitar no trato
com as pessoas que nos cercam, há características que devemos cultivar tomando
como base as características da Sabedoria Divina. Neste capítulo, destaco pelo
menos 3 aspectos:
Ela é
pura. DEUS não se deixa contaminar pelo mal, e a sabedoria que devemos ter
não pode ser influenciada pelo mundo, perdendo sua pureza. DEUS espera que sua
sabedoria mantenha-se íntegra em nossas vidas. Pureza fala de integridade, da
capacidade de não se diluir, de não perder suas propriedades.
Ela é
pacífica. Tiago reforça essa característica da sabedoria como um instrumento de
paz. Ela não busca brigas. Lembremo-nos de que um pouco acima, Tiago nos diz
que a sabedoria é demonstrada na forma com que nos tratamos uns aos outros. Se
sou uma pessoa sábia, certamente isso será visto na forma mansa com que trato
as pessoas que me cercam, mas se me julgo inteligente e perspicaz, e sou
grosseiro no trato com meu próximo, não posso ser chamado de sábio, mesmo que
tenha vários títulos ao meu favor.
Pessoas sábias não arrumam confusão, ou vivem
de briga em briga, esperando a próxima oportunidade de demonstrar o quão são
inteligentes e que possuem uma grande disposição em não levar desaforos para
casa. DEUS dá a sabedoria para que tenhamos paz em nossa relação com Ele e com
os nossos próximos.
Ela é
tratável. Essa característica parece estar ligada à capacidade de uma pessoa
sábia ser convencida de forma tranquila, diferente do caráter das pessoas
obstinadas. Se um sábio é corrigido, conforme nos diz Provérbios 9.8,9, “Não
repreendas o escarnecedor, para que te não aborreça; repreende o sábio, e
amar-te-á. Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio; ensina ao justo, e
ele crescerá em entendimento.” De forma diferente, os que mesmo ouvindo tudo o
que a sabedoria tem a oferecer, preferem manter-se em seus caminhos
inflexíveis, sendo conduzidos, portanto, à ruína.
Assim concluímos este capítulo. Que possamos
conjugar mentes sábias e corações humildes para a glória de DEUS.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras,
Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 44-45.
A sabedoria é dotada de seus frutos, sendo
produzida por uma atmosfera de paz; envolve rica colheita para o sábio, e para
aqueles a quem ele ensina; a colheita é da santidade crescente: a colheita é
perene, resultando na vida eterna. (Ver João 3:15).
«Quão formosos sobre os montes são os pés dos
que trazem boas novas, que anunciam a paz (Isa. 52:7). (Rom. 10:15). Ali temos
o evangelho da paz, porquanto o evangelho tende por trazer a paz aos corações
dos homens (ver Rom. 5:1). estabelecendo a paz entre DEUS e o homem (ver Col.
1:20). No estado de paz existe uma harmonia saudável, em contraste com os
efeitos mortíferos das contendas e das divisões. Nessa atmosfera é possível o
cultivo do fruto da justiça.
Portanto, os crentes devem viver na atmosfera
da paz. (Ver João 14:27 E 16:33). A paz é um dos aspectos do fruto do ESPÍRITO,
isto é, do desenvolvimento espiritual, mediante o que assumimos a natureza
moral de CRISTO, através da transformação segundo a sua pessoa. (Ver Gál.
5:22).
A conduta reta produz muitas recompensas, que
resultam na vida eterna.
O cultivo dos galardões é realizado na
atmosfera da paz. E o homem justo, que é verdadeiramente sábio, sabe disso,
evitando os interesses pessoais e o espírito contencioso, que não contribuem
para essa finalidade.
...promovem a paz ... * (Comparar com Mat.
5:9). Os pacificadores serão chamados >>filhos de DEUS». JESUS, em sua
cruz e missão, «estabeleceu a paz. Os homens deveriam seguir ativamente o
exemplo por ele deixado. Os pacificadores não são meramente aqueles que conciliam
oponentes, para evitarem as brigas. Mas são aqueles que promovem ativamente a
paz, mediante esforços planejados, procurando solucionar pendências com os
inimigos e antagonistas. São exatamente o contrário daqueles que despertam
contendas, e que agem devido à sua excessiva ambição (conforme é descrito no
décimo quarto versículo deste capitulo). O alicerce lançado pela retidão para
nele ser apoiada a vida eterna, só pode ser lançada em paz, e por aqueles que
praticam a paz. Isso equivale a dizer que a retidão inclui o espírito
pacificador. (Ropes, in loc.).
Alguns estudiosos tomam o termo fruto de
justiça· como se significasse: fruto que consiste de justiça. Porém, apesar
disso expressar certa verdade, a verdade é que a justiça deve também produzir
muitas boas obras, ações gentis, uma vida caracterizada pelo altruísmo, etc. A
retidão é produtora tanto de fruto, como o fruto colhido permite-nos entrar na
presença de DEUS. O homem verdadeiramente sábio colherá a retidão de DEUS, que
lhe é necessária, incluindo a transformação moral da imagem de CRISTO, que
serve para a vida eterna e que é a colheita dos justos. «Se um agricultor não
empregasse mais cuidados, tempo e esforços por obter a colheita, do que fazem
muitos membros da igreja de CRISTO, no tocante ao estabelecimento da justiça
social, conseguiria ele, porventura, obter uma boa colheita?» (Easton, in
loc.).
A nota chave do presente versículo é a paz.
em contraste com a inveja, com o espírito faccioso e com a confusão, acima
mencionados; a paz e a retidão são inseparáveis, porquanto são resultantes da
sabedoria, da sabedoria que vem do alto; por outro lado as contendas e as ações
vis do dia a dia pertencem umas às outras, pois resultam da sabedoria que é
'terrena' e 'demoníaca'·. (Ocsterlcy, in loc.).·Aqueles que são sábios para com
DEUS, se por um lado são pacificadores e se mostram tolerantes para com o
próximo, por outro lado têm por principal preocupação a sementeira da justiça,
não frigidamente, mas reprovando os pecados com tal moderação que serão amigos,
e não executores dos pecadores. (Faucett, in loc.).
Quem sai andando e chorando enquanto semeia,
voltará com júbilo, trazendo os seus feixes· (Sal. 126:6).
A paz virá, por fim, embora a vida seja
repleta de dor: Tranquilo na fé em CRISTO, eu me deito: A dor por causa de
CRISTO é a paz, e a perda é lucro: todos quantos carregam a cruz usam a coroa.
Aquele que espalha a paz pacificamente, semeando a sabedoria cristã genuína,
cresce na colheita da justiça. Isso se aplica não somente aos mestres, mas
também a todos quantos recebem, da parte de DEUS, a sabedoria e o dom de
influenciar a outros. (Von Gcrlach, no comentário de Lange). Evidente que a
sabedoria celestial é a sabedoria em inertemente prática. Não é algo pura e
principalmente intelectual: não é especulativa; não se perde em mera
contemplação. Seu objetivo é o de aumentar a santidade, ao invés de apenas
prestar informação. Sua atmosfera não é a da controvérsia e do debate, mas a da
gentileza e da paz. É plena, não de sublimes teorias ou hipóteses arrojadas,
mas de misericórdia e de bons frutos. Pode mostrar-se confiante sem ser
briguenta, pode mostrar-se reservada sem hipocrisia. É a irmã gêmea daquele
amor celestial que não inveja, que não se ufana, que não se ensoberbece, não se
conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não
se ressente do mal. (Plummer, in loc.).
A sabedoria não é finalmente testada nas
escolas.
A sabedoria não pode passar de quem a tem,
para quem não a tem,
A sabedoria é da alma, não é susceptível de
provas: é sua própria prova. (Walt Whitmanj)
«O temor do Senhor é o princípio da
sabedoria». (Sal. 111:10).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 61.
Contraste
sobre os resultados (Tg 3.16,18)
A origem determina os resultados. A sabedoria
do mundo produz resultados mundanos; a sabedoria espiritual, resultados
espirituais.
A sabedoria do mundo produz problemas
(3.16b). Inveja, confusão, e todo tipo de coisas ruins são o resultado da sabedoria
do mundo. Muitas vezes, esses sintomas da sabedoria do mundo estão dentro da
própria igreja (3.12; 4.1-3; 2Co 12.20). Pensamentos errados produzem atitudes
erradas. Uma das causas do por que deste mundo estar tão bagunçado é que os
homens têm rejeitado a sabedoria de DEUS. A palavra “confusão” significa
desordem que vem da instabilidade. Essas pessoas são instáveis como a onda
(1.8) e indomáveis como a língua (3.8). Essa palavra é usada por CRISTO para
revelar a confusão dos últimos dias (Lc 21.9).
A sabedoria de DEUS produz bênçãos (3.18).
Tiago lista três coisas: primeira vida reta (3.13). Uma pessoa sábia é
conhecida pela sua vida irrepreensível, conduta santa. Segundo, obras dignas de
DEUS (3.13). Uma pessoa sábia não apenas fala, mas faz. Terceiro, fruto de
justiça (3.18). A vida cristã é uma semeadura e uma colheita. Nós colhemos o
que semeamos. O sábio semeia justiça e não pecado. Ele semeia paz e não guerra.
O que nós somos, nós vivemos e o que nós vivemos, nós semeamos. O que nós
semeamos determina o que nós colhemos. Temos que semear a paz e não problemas
no meio da família de DEUS. Como poderemos conhecer uma pessoa sábia? Uma
pessoa sábia é sempre uma pessoa humilde. Aquele que proclama as suas próprias
virtudes carece de sabedoria.
Como poderemos identificar uma pessoa que não
tem sabedoria? Suas palavras e atitudes provocarão inveja, rivalidades,
divisão, guerras.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando
provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 79-80.
Mt 5.16 “Assim” como a luz brilha a partir de
um pedestal, os discípulos de CRISTO devem deixar sua luz brilhar perante os
outros... “para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que
está nos céus”. JESUS deixou bem claro que não haveria nenhum erro quanto à
fonte das boas obras de um crente. A luz do crente não brilha para ele mesmo;
essa luz deve ser refletida em direção ao Pai, levando as pessoas a Ele.
Comentário do Novo Testamento Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 38.
A luz do crente são suas boas obras. Essas
boas obras redundam em glória a DEUS. Remover a luz e, portanto, a glória de
DEUS, é algo seríssimo.
«Vosso Pai». Esta é a primeira vez que, nas
palavras de JESUS, vemos o ensino de que DEUS é Pai. Essa ideia era bem comum
entre os judeus, e assim sendo, JESUS não estava introduzindo alguma doutrina
nova, mas utilizava-se da compreensão que o povo já tinha para dar ênfase à
necessidade de deixar a luz de DEUS brilhar cm suas personalidades. DEUS Pai
tem prazer nas boas obras de seus filhos, porque tais obras provam que os
discípulos são filhos de DEUS, e também revelam algo sobre a natureza de DEUS.
JESUS foi o exemplo mais desenvolvido e elevado da natureza de DEUS que já
houve sobre a terra. Os rabinos usavam com frequência a frase: «Nosso e vosso Pai,
que está nos céus».
Nos escritos judaicos (Bammidbar Rabba, s.
15).. lemos estas palavras: «Os israelitas disseram ao santo e bendito DEUS: Tu
mandas que acendamos lâmpadas para Ti; mas Tu és a Luz do Mundo e contigo mora
a luz. O SANTO DEUS replicou: Não ordeno isso porque precise de luz, mas para
que vós reflitais luz sobre mim, como eu vos tenho iluminado. Assim o povo
poderá dizer: Eis como os israelitas O ilustram, isto é, Aquele que os ilumina
à vista de toda a terra».
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 310.
Mt 5.16 Se os discípulos devem ser a luz do
mundo, está subentendido que o mundo é um único grande espaço escuro. Nessa
escuridão as pessoas se batem, ferem-se no corpo e na alma. Quem traz luz para
dentro dessas trevas, que significam noite e desesperança totais, é unicamente
JESUS e sua turma de seguidores “iluminados” por ele!
Assim como o sal se dissolve no serviço,
também a luz se desgasta ao brilhar! Novamente enfatiza-se aqui a grande ideia
de compromisso e sacrifício do serviço de discípulo. Singularmente a palavra de
“não colocar debaixo do cesto” é dedicada a essa ideia de compromisso. Por isso
JESUS não diz: Mostrem suas obras, exibam-nas a todos!, mas declara: Assim como
a tarefa da luz é brilhar, assim o dever mais sagrado de vocês é praticar o
amor e a correta conduta cristã. A palavra de JESUS está tão distante do
exibicionismo com a obra de amor quanto do não-testemunho temeroso, do não
querer testemunhar! Há uma sutil diferença entre mostrar-se com sua “fé” e suas
“experiências com DEUS”, e testemunhar a fé! A primeira é ação do “eu”
religioso, a segunda é o agir de DEUS! Somente por essa última o Pai no céu
será glorificado. Nisso está o maravilhoso do testemunho, mas nisso reside
também o perigo de se dar um relato de fé sobre suas experiências com o Senhor!
No texto grego, com muito mais evidência do
que na tradução, a frase brilhe a vossa luz diante dos homens faz cair a ênfase
sobre “luz” e não, p. ex., no “vossa”. Do texto original evidencia-se,
portanto, que é a luz que tem de brilhar. O discípulo tem somente a incumbência
de permitir a livre circulação aos raios da luz, de não interpor-se no caminho
da luz!
Esse pensamento aprofunda, a partir do original,
o que já afirmamos acima em relação ao testemunho correto!
É significativo constatar onde JESUS diz que
reside a força dos seus discípulos para brilhar: eles iluminam o mundo com o
seu agir. Em outras passagens da Escritura, o peso é colocado sobre a palavra
dos discípulos. Aqui vigora não a palavra que eles proclamam, mas a obra que
realizam. JESUS está dizendo: Se vocês discípulos realmente fizerem aquilo para
o que eu os chamei neste mundo, então vocês, assim como a luz brilha,
realizarão ações diante das quais também um não-cristão sentirá que esses
feitos são presentes do mundo invisível, sendo dessa maneira direcionado para o
Pai no alto, e o louvará!
A partir do texto original grego podemos
fazer mais uma descoberta importante. No v. 16b, para que vejam as vossas boas
obras, encontra-se uma especificidade linguística. Pois vossas vem antes do
substantivo (com artigo definido). Esse tipo de formulação encontramos mais uma
vez em 23.8s, onde se lê com ênfase: “Um só é o vosso mestre, um só é o vosso
pai”. Ao se enfatizar o “vosso”, visa-se conscientemente destacar o contraste.
Isso significa, no nosso caso, em v. 16b, que as obras dos outros não são obras
boas, ao passo que as dos discípulos são boas.
Não há como vocês, discípulos, possam ficar escondidos
neste mundo. As pessoas veem vocês! Reparam em vocês. Assim como não se pode
passar ao largo de Jerusalém sem ter notado essa cidade sobre o monte, assim
também não pode ser simplesmente ignorada a comunidade de JESUS na terra. Ela,
enfim, está aí. Quer o mundo goste, quer não, precisa confrontar-se com ela.
A palavra do sal e da luz e da cidade sobre o
monte mostra como já expusemos, que o chamado dos discípulos transcende muito
além de Israel, que ele abrange todos os povos e nações, a humanidade como tal.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança
Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança.
2. Sabedoria
verdadeira e a arrogância do saber.
É possível que o saber nos torne pessoas
arrogantes? Sim. É aceitável aos olhos de DEUS que uma pessoa instruída seja
arrogante no trato com as pessoas que a cercam? Não. O acúmulo de conhecimento
não pode obstruir nossa vida espiritual de tal forma que nos tornemos
arrogantes. Tiago aqui não está condenando pessoas que estudaram e que se valem
de seus conhecimentos ao longo de suas vidas, mas está colocando em cheque o
hábito de algumas pessoas acharem-se superiores a outras porque possuem
conhecimento. Estudar é muito bom, e nos torna pessoas mais capacitadas para
servir a DEUS e ao próximo com muitos talentos, mas não pode nos tornar pessoas
altivas. A soberba é tão duramente condenada por DEUS que Ele resiste ao
soberbo, mas dá graça ao humilde. Portanto, usufruamos do conhecimento que DEUS
nos permite ter, mas busquemos acima de tudo aproveitar esse conhecimento de
forma sábia e com humildade.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras,
Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 41.
(1) O nosso único consolo, em meio às
dificuldades, será o fato de termos cumprido o nosso dever. Aqueles que se
recusaram a conhecer a DEUS (v. 6) se vangloriarão, em vão, de sua sabedoria e
riqueza. Mas aqueles que conhecem a DEUS de um modo inteligente, que
compreendem corretamente que Ele é o Senhor, que não somente compreendem
corretamente a sua natureza, os seus atributos, e o seu relacionamento com o
homem, mas que recebem e retêm as impressões de todas essas coisas, podem se
gloriar no precioso Senhor. Esse conhecimento será a sua alegria no dia da
calamidade.
(2) A nossa única confiança, nas dificuldades,
será o fato de que, tendo, pela graça, de alguma maneira cumprido o nosso
dever, veremos que DEUS é um DEUS auto-suficiente para nós. Nós podemos nos
gloriar no fato de que, onde quer que estejamos, temos uma familiaridade e um
interesse no DEUS que faz “beneficência, juízo e justiça na terra”. Ele não é
somente justo para com todas as suas criaturas, e não fará mal algum a qualquer
uma delas, mas é bondoso para todos os seus filhos, os protegerá, e proverá
para eles. “O que se gloriar glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou
o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra. Porque destas coisas
me agrado” (v. 24). DEUS se agrada em mostrar bondade e em realizar o juízo, e
se agrada com aqueles que são seus seguidores, como filhos queridos. Aqueles
que têm tal conhecimento da glória de DEUS a ponto de serem transformados à
mesma imagem, e de participarem da sua santidade, percebem que esse
conhecimento é a sua perfeição e glória. Em meio às suas maiores dificuldades
eles podem confiar alegremente no DEUS com o qual fielmente se colocam em
conformidade. Mas o profeta sugere que a maioria dessas pessoas não se
preocupou com isso. A sua sabedoria, e o seu poder, e as suas riquezas, eram
sua alegria e esperança, que terminariam em tristeza e desespero. Mas aqueles
poucos entre eles que conheciam a DEUS podiam se alegrar com isso, e se
vangloriar disso. Esse conhecimento valioso lhes serviria muito mais “do que
inúmeras riquezas em ouro ou prata”.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry
Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 393.
Jer
9.23 Sabedoria — A Falsa e a Verdadeira.
Esses versículos certamente traçam um
contraste entre a segurança falsa e a genuína. Eles também contrastam a
sabedoria dos homens com a sabedoria de DEUS. Os homens dos dias de Jeremias
como os homens de qualquer época, se vangloriavam “da sabedoria humana
(cultura), do poder militar (habilidade técnica) e da prosperidade material
(abundância econômica)”.
Por outro lado, a única base real de
sabedoria e felicidade consiste em conhecer a DEUS. Entende-se melhor o caráter
de DEUS ao observar o que Ele ama, e como lida com os homens. Ele tem prazer em
fazer beneficência (favor gracioso, amor imutável), juízo (equidade,
integridade, imparcialidade) e justiça (retidão; 24) na terra. Essas coisas
formam a base da verdadeira sabedoria, Justiça (tzedek), juízo (mishpat), e
beneficência (hesed) são o grande triunvirato do Antigo Testamento. Sobre essa
base o indivíduo ou nação pode construir com segurança. Sem esses aspectos o
maior e mais forte é desesperadamente fraco.
C. Paul Gray. Comentário Bíblico Beacon.
Jeremias. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 290.
A
Única Verdadeira Razão para a Jactância (9.23-24)
Jr 9.23-24 Assim diz o Senhor: Não se glorie
o sábio na sua sabedoria. Os pseudo-sábios, dos quais Jerusalém este tão
repleto (ver o vs. 12), e os verdadeiramente sábios, dos quais havia tão
poucos, não podiam jactar-se em sua falsa sabedoria ou em sua sabedoria
autêntica; nem os fortes podiam gloriar-se em sua força; nem os ricos podiam
jactar-se em suas riquezas e no poder que esta trazia. Todos os homens, sem
importar a sua classe, tinham apenas uma razão válida para gloriar-se: conhecer
e obedecer a Yahweh (vs. 24), a fonte de toda a verdadeira sabedoria, de toda a
força e de autênticas riquezas, Aquele que poderia ter impedido a matança
provocada pelos babilônios, contanto que os judeus se aproximassem Dele em
humildade e arrependimento. Muitos convites de Yahweh tinham exortado Judá a
arrepender-se, mas foram todos inúteis. Em DEUS há amor, gentileza, justiça e retidão,
e nessas coisas Yahweh se deleitava. Judá, entretanto, preferiu a horrenda
combinação de idolatria-adultério-apostasia, o que significa que foram cortadas
todas as graças divinas.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3017.
3. Atitudes
a serem evitadas.
Tiago lista duas características próprias de
pessoas arrogantes: amarga inveja e sentimento faccioso.
A inveja é descrita por Tiago com o adjetivo
“amarga”, e não é sem razão. Pessoas invejosas costumam ser amarguradas, por
terem uma dor moral dentro de si, e vivem aflitas. Não é incomum que haja
inveja entre as pessoas, mas pior ainda é quando esse sentimento encontra
abrigo no coração dos servos de DEUS. E justamente aqui encontra-se o desafio
de Tiago.
A inveja é um sentimento inconveniente para o
servo do Senhor. E uma raiva existente contra pessoas que conseguiram realizar
algum feito digno de louvor, por mais simples que sejam. Líderes invejam outros
líderes, estudantes invejam outros estudantes, e por aí vai. A inveja é, sem
dúvida, um mal da proximidade, onde o coração invejoso se irrita com as
realizações de pessoas que lhe estão próximas.
O sentimento faccioso é outra característica
de quem alega ter a sabedoria e não consegue demonstrá-la na prática.
Tiago propõe à igreja um desafio àqueles que
afirmavam ter a verdadeira sabedoria: eles precisavam observar a verdadeira
sabedoria que vem do céu. A igreja à qual Tiago estava escrevendo era uma
igreja que estava sob pressão. Sob pressão, uma igreja pode se dividir em
facções. Não havia um clero formal, ou um processo de ordenação, de modo que
pretensos professores poderiam surgir, afirmando ter sabedoria. Como cada
professor promovia seu ramo de sabedoria e ganhava seguidores, a comunidade de
crentes ficou dividida. A igreja do Novo testamento tinha muitos problemas com
facções ou com um espírito partidário...
JESUS ensinou que nós saberíamos diferençar
os verdadeiros professores dos falsos pela maneira como vivem (Mt 7.15-23). Os
bons professores exemplificam a boa disciplina na vida. As suas atividades,
ações e realizações revelarão o verdadeiro núcleo de sua fé cristã. Nesta
seção, as boas obras estão em contraste com a amargura, e a humildade está em
contraste com a ambição egoísta.
Dois conselhos Tiago oferece a pessoas que se
descobrem possuidoras desses dois sentimentos: não se glorie disso e não minta.
Não há motivo para que uma pessoa se sinta alegre por ser invejosa, e nem pode
manter oculto seu sentimento por muito tempo. A amarga inveja e o sentimento
faccioso produzem dois frutos equivalentes aos seus genitores: o gloriar-se de
maneira indevida e a mentira. Quem abriga e cultiva a inveja em seu coração e
com ela torna-se arrogante, tem a oportunidade de voltar-se para o caminho
certo com a advertência de Tiago: Não se glorie e não minta. É um caminho longo
e duro de volta à verdadeira sabedoria. Não é fácil tratar com um invejoso
sobre seu hábito e mostrar para ele que não pode haver motivos para que ele se
glorie se ele nutre em seu coração um sentimento reprovado por DEUS. Não é
fácil também lidar com pessoas na igreja que insistem em mentir, em esconder
seus sentimentos ruins em relação a outras pessoas. O caminho de resgate desse
tipo de pessoa já foi apresentado pelo apóstolo, mas precisa ser trilhado por
quem é alvo dessa advertência. Quem vive nesse caminho terá uma sabedoria, mas
essa é descrita por Tiago como “terrena, animal e diabólica”. Resumindo, a
sabedoria pode ser encontrada tanto por aqueles que andam no caminho do Senhor
como por aqueles que preferem desobedecê-lo. O que teme ao Senhor acha a
sabedoria divina, e o que despreza ao Senhor achará uma outra forma de
sabedoria nada recomendável.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras,
Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 42.-44.
Tiago, no versículo 14, fornece uma lista das
“obras” características da ausência da mansidão.
1) Inveja {zelos, e no v. 16) amarga é o
contrário da mansidão.
E verdade que “zelo” pode ser um termo positivo
(Rm 10.2; 2Co 7.7,11; 9.2), mas, em outros textos, claramente se refere à
inveja (Rm 13.13; 2Co 12.20 e G1 5.2). Como um dos pecados capitais, Richard
Gordon observou:
“Os ressentidos, aqueles homens com câncer na
psique, tornam-se os grandes assassinos”. “Não há muitas pessoas capazes de
reprimir o segredo da satisfação com o infortúnio de seus amigos” (La
Rochefoucauld, citado por Os Guiness, op. cit., p. 76). Lucas explica que a
raiva do sumo sacerdote e dos saduceus no Sinédrio, que provocara a prisão dos
apóstolos, brotou da inveja (At 5.17; cf. 13.45). Foram a inveja e as contendas
que levaram a igreja de Corinto a rachar em quatro partidos (I Co 3.3).
Foi esse pecado que corroeu o coração de
Saul. Após Davi vencer Golias, as mulheres cantavam e dançavam, dizendo: “Saul
matou milhares, e Davi, dezenas de milhares”. Saul ficou muito irritado e
aborrecido. Daí em diante, Saul olhava com inveja para Davi (I Sm 18.7). Tiago
descreve a inveja como amarga (pikria, “amarga”, “áspera”), no sentido de zelo fanático
na promoção de uma causa. Não dá abertura para outro irmão apresentar seu ponto
de vista, mas discute com veemência que a posição dele é a única que deve ser
considerada.
2) Ambição egoísta (erithian), junto com a
inveja amarga, é incluída por Tiago. Essa ambição carrega o sentido de utilizar
meios indignos e divisores para promover interesses próprios. Paulo usa essa
palavra em Romanos 2.8 para descrever o egoísmo daqueles que “rejeitam a
verdade e seguem a injustiça”. Paulo temia que chegando em Corinto encontraria
“brigas, invejas, manifestações de ira, divisões [eritheiai], calúnias,
intrigas, arrogância e desordem” (2Co 2.20). Se tais atitudes e hostilidade
mútua podiam aparecer na igreja de Corinto, também poderiam surgir nas igrejas
para as quais Tiago destinou essa carta. Poderão despontar na nossa igreja! Daí
a advertência contra o perigo de se tornar um canal para ação demoníaca (v.
15).
3) “Não se gloriem disso” (v. 14). Jactar-se
e orgulhar-se por causa das divisões na igreja, parece completamente
incoerente. Possivelmente, alguém concordava com Paulo: “Pois é necessário que
haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são
aprovados” (ICo 11.19). Mas a jactância que Tiago tem em mente, sem sombra de
dúvidas, não tem nada de positivo.
Nesse contexto, gloriar-se da ambição egoísta
nega a verdade que se prega. Somente amando-se uns aos outros como CRISTO os
amou é que todos saberão que vocês são discípulos dele (Jo 13.34,35). Além
disso, sabedoria que não tem sua origem na revelação bíblica, que se expressa
em inveja amarga e ambição egoísta, que tem sua origem na natureza caída
humana, combate a verdade do evangelho. Na oferta da salvação a todos que
creem, DEUS oferece dignidade e aceitação. As atitudes egoístas separam e
excluem. Endurecem as opiniões que podem ser falsas e nocivas. Por isso, Tiago,
“o justo”, exorta seus leitores para que demonstrem sabedoria com mansidão.
“Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há
confusão e toda espécie de males” (v. 16). Confusão (gr. Akatastasia) significa
desordem e transtorno.
Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma
Exposição De Tiago A Sabedoria De DEUS. Editora Shedd Publicações.
A sabedoria pervertida, pois, corrompe o
próprio homem, não sendo um lapso acidental e ocasional de má conduta.
·...inveja amargurada ...· Um mestre inveja a
outro, ou um líder eclesiástico se enche de ciúmes por causa de outro, porque
lhe parece «melhor» ou ·potencialmente melhor» do que ele mesmo, ameaçando
assim atrair mais discípulos e louvor do que ele. Sua alma está doente, e ele
começa a agir como servo do diabo, e não como um líder da igreja de CRISTO.
A inveja é uma das obras da carne, uma
espécie de ódio, o contrário do amor, que é o fator orientador na família
divina (ver João 14:21 e 15:10). O termo grego aqui usado é «zelos·, que
significa ardor, ansiedade, zelo, mas que, em mau sentido, significa ambição
desmedida, emulação, inveja.
Portanto, ao deixar-se arrastar por tal
defeito de caráter o indivíduo se esquece de que está servindo a CRISTO, e
começa a servir a si mesmo, sem quaisquer reservas. Essa atitude propaga a
enfermidade, e, logo a igreja se vê despedaçada por facções que defendem seus
respectivos heróis. Seu zelo é amargo com interesses próprios. A fonte expede
água salobra e abominável. Ao invés de alguém ser consumido de zelo pelo
Senhor, o zelo carnal corrói a igreja. Assim, pois, supostos líderes carnais se
tornam "asnos carregados de livros", conforme a literatura rabínica
descreve os mestres orgulhosos e egocêntricos. Disse Vincent {in loc.): A
emulação é a melhor tradução aqui, o que não envolve, necessariamente, a
inveja; mas pode ser repleta do espírito de auto devoção.
·...sentimento faccioso...» As rivalidades
entre os mestres logo criam rivalidades na igreja. Os homens esforçam-se por
ser, cada qual, o líder mais poderoso: e aqueles que os apoiam adicionam
combustível ao fogo, até que tudo é consumido pelas chamas devoradoras da
carnalidade. Todos são zelotes, mas não em favor de CRISTO; são todos ambiciosos,
mas somente em proveito próprio; todos estão consumidos de ardor, mas não do
fogo celestial, e, sim, do fogo do inferno. As dissensões eclesiásticas sempre
foram caracterizadas por situações assim, e quanto mais homens carnais são
exaltados e transformados em heróis, ou se apresentam a outros como tais, maior
é o desastre, embora tais homens se apresentem como quem salvará o investimento
divino sobre a terra.
O termo grego aqui usado erithia, subentende
a inclinação por usar meios indignos e divisórios para promover os próprios
interesses.
Realmente indica o vício de um líder ou de um
partido, criado pelo orgulho próprio: é a ambição partidária, a rivalidade
partidária». (Hort).
Essa palavra veio a ser aplicada àqueles que
servem em posições oficiais por causa de seus interesses egoístas, os quais,
com essa finalidade, promovem o espírito partidário e faccioso. Por isso é que
Rom. 2:8 diz. Que eles são contenciosos, ou literalmente, de facções. (Vinccnt,
in loc.).
...nem vos glorieis disso...· Nada existe nisso
de que um homem se possa orgulhar, e ninguém deveria sentir orgulho por esse
tipo de realização da carne. (Ver I Cor. 1:29,30 - jactância humana). Essa
forma de jactância, no próprio espirito faccioso, e naquilo que alguém ganha
com isso, é uma afronta para a verdade, porquanto é exibição de uma vida falsa.
A mente carnal, secretamente, quando não abertamente, se gloria em suas
realizações, em sua forma de sabedoria pervertida. O autor sagrado repreende
essa forma de atitude, como algo indigno em um mestre ou líder na igreja.
Jacta-se ele: O triunfo malicioso, o mínimo ponto de vantagem obtido por um
partido, era exatamente aquilo que foi calculado para amargurar o outro lado;
isso é realmente o mentir contra a verdade, porquanto tão tolos triunfos são frequentemente
obtidos às expensas da verdade. (Ocsterley, in loc.). Tais indivíduos se
gloriam em seu conhecimento falso e em seus efeitos prejudiciais, ao invés
de se gloriarem da verdade do evangelho.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 59.
“Confusão”, “desordem” e “tumultos” surgirão
inevitavelmente na igreja onde cristãos, em especial os líderes, estiverem mais
interessados em satisfazer suas ambições e causas partidárias, em lugar da
edificação do corpo como um todo. Isto acaba em “toda espécie de coisas más”
(BLH). Onde o coração dos indivíduos é errado, também será achada uma variedade
de pecados sem fim.
Douglas J. Moo. Tiago. Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 133.
Gl 5.19-21 Paulo comparou as obras da carne
com as obras da vida cheia do ESPÍRITO, em 5.19-21 e 5.22,23. Os pecados da
lista de Paulo classificam-se em quatro categorias. Estes pecados em particular
eram especialmente habituais no mundo pagão, e os gálatas os teriam
compreendido prontamente. Com poucas exceções, nós podemos também reconhecer
estes pecados como presentes na nossa época atual.
Na primeira categoria, são mencionados três
pecados sexuais;
• Prostituição - qualquer forma de relação sexual
ilícita. A palavra serve para destacar o comportamento sexual proibido entre as
pessoas ou a participação indireta como um espectador.
• Impureza - a impureza moral. Talvez nenhum
ato sexual tenha ocorrido, mas a pessoa exibe uma grosseria e uma insensibilidade
em questões sexuais que ofende aos demais. Um exemplo hoje seria o uso
excessivo de humor sexual (ou o que se supõe que seja humor), em que as pessoas
fazem declaração com um duplo sentido sexual.
• Lascívia — uma indulgência franca e
excessiva quanto a pecados sexuais. A pessoa não tem sentimento de vergonha nem
moderação. Este é o resultado da imoralidade e da impureza sexual.
Os dois pecados a seguir são pecados
religiosos característicos da cultura pagã.
• Idolatria - adoração de ídolos pagãos. A
pessoa cria substitutos para DEUS e então os trata como se fossem DEUS. Esta
pessoa está se entregando a desejos humanos pecaminosos.
•Feitiçarias (ou participação em atividades
demoníacas) — envolvimento com os poderes malignos, usando, às vezes, poções e
venenos. Na idolatria, o indivíduo age submissamente com relação ao mal; na
atividade demoníaca, o indivíduo é um agente ativo que serve aos poderes
malignos.
Os oito pecados seguintes dizem respeito ao
comportamento com relação às pessoas (relações interpessoais) que é motivado
por desejos pecaminosos. E triste notar, mas muitos destes pecados são
frequentemente vistos nas nossas igrejas hoje.
• Inimizades - uma situação de inimizade
constante entre grupos. Isto pode ser um conflito real e não solucionado, cuja
causa já foi esquecida, mas que resultou em muita amargura.
• Porfias - competição, rivalidade, conflitos
amargos — as sementes e o fruto natural do ódio.
• Emulações (ou ciúmes) — o sentimento de
ressentimento de que alguém tenha o que outro acha que merece.
• Iras - raiva egoísta. A forma plural
transmite o significado de um comportamento contínuo e descontrolado.
• Pelejas (ou ambição egoísta) – a abordagem
à vida e ao trabalho que tenta progredir à custa dos demais. Não somente pode
se referir ao que chamamos de “vício de trabalho”, como também pode implicar em
uma atitude mercenária, agressiva em relação aos demais, na busca dos próprios
objetivos.
• Dissensões - fortes desentendimentos ou
discussões. A situação que pode se instalar rapidamente entre as pessoas quando
prevalece uma atitude desagradável.
• Heresias (ou o sentimento de que todos
estão errados, exceto os do seu pequeno grupo) - a dissensão criada entre as
pessoas por causa de divisões. Isto descreve a tendência de procurar aliados no
meio do conflito. A geração quase espontânea de facções demonstra esta
característica dos desejos humanos pecaminosos.
• Invejas — o desejo de possuir alguma coisa
dada a outro ou conseguida por ele; ou até mesmo a lógica corrompida que grita:
“Injusto!”, com respeito às circunstâncias de outra pessoa, e expressa o
seguinte desejo; “Se eu não posso ter isto, eles não deveriam poder também!”
Finalmente, Paulo relaciona dois pecados,
comuns às culturas pagãs, que estão frequentemente conectados com os rituais de
adoração de ídolos;
• Bebedices - o uso excessivo de vinho e
bebidas fortes.
• Glutonarias (ou “farras”) - “festas” com
muita bebida, frequentemente cheias de promiscuidade sexual, eram associadas
com as festividades para alguns deuses pagãos. Os banquetes em honra a Baco
eram particularmente infames pela sua imoralidade.
• E coisas semelhantes a estas – Paulo
acrescentou um “etc.”, para mostrar que a lista não estava, de maneira nenhuma,
completa.
“Os que cometem tais coisas” refere-se ao
modo de vida das pessoas que habitualmente exibem estas características.
As pessoas que habilmente exibem estas
características se revelam escravizadas à natureza humana pecaminosa. Elas não
são filhos de DEUS; consequentemente, não podem participar da herança do reino
de DEUS. As pessoas que aceitaram CRISTO e que têm o ESPÍRITO SANTO dentro de
si mesmas manifestarão esta nova vida, rompendo claramente com os pecados que
foram listados acima, bem como com outros que sejam semelhantes.
Comentário do Novo Testamento Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 295-296.
Relações humanas não-cristãs (5.20c,21).
Essas oito “obras da carne” estão no centro da lista de maus hábitos. Todas
estas oito obras têm a ver com relações interpessoais, condição que destaca o
fato de ser de grande preocupação para Paulo.
Inimizades (20, excelente tradução de
echthrai) era atitude de vida aceita e aprovada nos dias do apóstolo. Com
inimizade franca entre grupos raciais e culturais (e.g., gregos versus
bárbaros, judeus versus gentios), não é de admirar que estas atitudes
caracterizassem as relações entre as pessoas. Tudo isto é contrário à moral
cristã, e Paulo determina sua verdadeira origem. “A mente da carne é inimizade
contra DEUS” (Rm 8.7, lit.), e naturalmente resulta em inimizade contra os
homens.
Zelos encontrada no Novo Testamento.
Significa “ciúme” com conotação má. O significado nesta passagem é, obviamente,
“ciúme.”
Uma das “obras da carne” mais complexa é ira
(20, thymoi). Na Septuaginta, tem “extensa gama de significados: ira humana e
ira divina, ira diabólica e ira bestial, ira nobre e ira destrutiva”. Paulo e
outros escritores do Novo Testamento usam o termo primariamente com referência
a homens. Na realidade, thymos é “raiva” que é verdadeira “loucura temporária”,
refletindo hostilidade pecaminosa que é nitidamente um mecanismo de defesa da
carne.
As próximas três “obras da carne” descrevem
com mais detalhes as porfias (20, eris) analisadas acima, e são mais bem
compreendidas em relação umas com as outras. A palavra pelejas (20, eritheiai)
é traduzida de muitas maneiras, fato que espelha a incerteza sobre seu
significado. Barclay conclui: “Nos escritos de Paulo, a palavra denota
claramente espírito de ambição pessoal [cf. NTLH] e a rivalidade que resulta em
partidarismo, o qual coloca o partido acima da igreja”. A ambição pessoal
egoísta é deplorável em posições de confiança e responsabilidade pública, mas
não é menos que trágico na igreja.
De estreita relação estão às dissensões (20,
dichostasiai), cuja tradução melhor é “divisões”. A rivalidade, motivada por
egoísmo, só pode resultar em divisões que destroem a unidade da igreja. Aqui,
Paulo não está falando de diferenças fundamentadas em crenças sinceras; ele
está preocupado com divisões ocasionadas por motivos errados, cuja procedência
é determinada à carne pecaminosa. Diferenças honestas não são incompatíveis com
comunhão harmoniosa, porque parte vital da liberdade e do amor é o respeito
pelas opiniões dos outros, mesmo quando estas conflitam com a nossa.
Diferenças teológicas e eclesiásticas,
fundamentadas em crenças, devem ser distinguidas de divisões motivadas por
interesse congregacional.
Outro passo no caminho destrutivo da divisão
é a heresia (haireseis). A transliteração heresia transmite mais da idéia de
algo não ortodoxo do que o termo grego. A palavra original descreve basicamente
um grupo que está unido pelas mesmas crenças ou conduta. Paulo usa o termo com
referência aos elementos divisores na igreja que se formaram em grupos ou
seitas. Tais grupos exclusivos (ou panelinhas) fragmentaram a igreja e “uma
igreja fragmentada não é igreja!”
Inveja (phthonos, 21) é conceito totalmente
ruim. Diferente de emulações (20, zelos), não há possibilidade de ser bom. A
inveja produz ressentimento amargo e, na maioria das vezes, o esforço de privar
os outros de sua felicidade e sucesso (cf. Rm 1.29; Fp 1.15).
O maior mal proveniente da raiva, inimizade,
ciúme, inveja e rivalidade é o que eles fazem à igreja. Estas atitudes carnais
pessoais produzem pelejas, divisões e grupos exclusivos.
As pessoas que “vivem na carne” não podem
“viver em unidade”. Há “um caminho ainda mais excelente”, para o qual Paulo
volta a atenção momentaneamente.
Paulo encerra a lista das “obras da carne”
com dois termos cujos significados são totalmente óbvios: bebedices (methai) e
glutonarias (komai). As Escrituras, e surpreendentemente o mundo dos dias de
Paulo, reconheciam que a “embriaguez” (NVI) era vergonhosa e degradante. Embora
o termo glutonarias fosse usado no grego secular com o significado simples de
comemoração, no Novo Testamento descreve excessos que são mais bem descritos
por devassidão e libertinagem. Tais ações contradiziam o testemunho cristão.
Esta lista, de modo algum, é conclusiva. A
frase e coisas semelhantes (21) mostra que o escritor visava uma lista que
fosse, em princípio, representativa dos males resultantes da vida segundo a
carne. Sempre são possíveis armadilhas até para o homem de fé. Satanás é
inimigo esperto e o pecado é enganoso. O cristão precisa examinar o coração e a
vida sob a luz dos ensinos bíblicos e sob a orientação do ESPÍRITO.
É óbvio que Paulo exortara os gálatas em
ocasião anterior (cf. 1.9; 4.13) sobre as consequências de tal vida. Ele os
lembra desse fato e declara que esta carta é repetição da exortação — antes que
o mal aconteça. Acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os
que cometem“ tais coisas não herdarão o Reino de DEUS (21). O Reino de DEUS, do
qual o homem que vive pela carne será excluído, é a esperança cristã da vida
eterna com CRISTO aqui e no outro mundo. DEUS não tem padrão duplo, nem vê o
crente por ângulo parcial, ignorando-lhe a conduta, mas aceita no lugar do
crente a obra perfeita de CRISTO. Todo homem que vive pela carne e, assim,
produz suas obras é excluído do Reino de DEUS.
R. E. Howard. Comentário Bíblico Beacon.
Galatas Editora CPAD. Vol. 9. pag. 69-73.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva com
modificações do Ev. Luiz Henrique.
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VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE –
http://estudaalicaoebd.blogspot.com.br/ - Pb
Alessandro Silva
Crédito à: http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao3-feo-3tr14-a-importancia-da-sabedoria-humilde.htm
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